Opinião

A importância de cultivar a felicidade no trabalho

A importância de cultivar a felicidade no trabalho
Crédito: Adobe Stock

Em tempos desafiadores, de viver em meios aos riscos da Covid, o medo e a insegurança estão sempre à tona. Isso, somado ao excesso de trabalho que nos tem sido imposto nesses tempos, produz um impacto direto no aspecto emocional em nossas vidas, afetando de forma significativa a saúde mental das pessoas, exacerbando os índices de depressão, ansiedade e burnout.

Nesse novo ecossistema, que denominamos mundo “Vuca” (volátil, incerto, complexo e ambíguo) o medo, a insegurança e a dor global aprofundaram seu impacto no mundo corporativo, fazendo com que a temática felicidade no trabalho ganhasse notoriedade nas organizações.

É bom explicar que, quando se fala em felicidade no trabalho, muitas pessoas pensam em uma positividade tóxica ou algo utópico, inalcançável. Imaginam que o objetivo seja promover festas, colocar mesa de jogos na empresa e aumentar os benefícios para os funcionários. Mas não se trata disso. Ou melhor, não se trata só disso. A psicologia positiva, uma das ciências de sustentação do conceito de felicidade, mostra que: “sim, a vida hedônica e de conquistas materiais é importante, mas insuficiente. A gente precisa de outro pilar, que é o significado, a autorrealização”, esclarece Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness at Work, empresa especialista em felicidade corporativa.

Na direção do que Renata Rivetti expressa, a felicidade no trabalho nos conecta com o sentido, com o engajamento, podendo aproveitar ao máximo o potencial individual e não uma busca incessante em um ciclo cada vez mais improdutivo, que não acaba nunca, e que só nos leva à decepção por não alcançarmos o que almejamos. Então, felicidade no trabalho vem de dois pontos: o de gostar do trabalho, se realizar nessa atividade e ver significado no seu dia a dia; e, se sentir bem em suas relações profissionais, a partir de uma agenda focada nas relações positivas.

Um estudo da Gallup, publicado recentemente destaca que empresas com funcionários felizes têm 50% menos acidentes laborais. Já uma pesquisa da Harvard Business Review revelou que colaboradores satisfeitos são 31% mais produtivos, 85% mais eficientes e 300% mais inovadores e empresas que adotam a felicidade como uma prioridade tendem a reduzir as demissões em 55% e diminuem as chances de burnout em 125%.

Devido à importância do tema, as empresas estão criando o cargo de CHO (Chief Happiness Officer), que é a pessoa responsável pela gestão do bem-estar e felicidade dos colaboradores.

Neste aspecto, é importante ressaltar que felicidade e bem-estar no trabalho é uma responsabilidade compartilhada e ter um CHO é um mundo ideal, mas, que ainda está distante da realidade da maioria das empresas. Alguns especialistas dizem que toda pessoa que está em uma posição de liderança deveria incorporar o conceito de CHO para o seu time.

É necessário para um líder ter uma relação profissional de qualidade e confiança com a sua equipe e assim enxergar o potencial de cada colaborador, extraindo de cada um o que ele tem de melhor.

As pessoas são mais felizes quando fazem aquilo que no qual são melhores, aquilo que gostam de fazer, que tem significado e sentido para elas. É isso que alavanca o seu potencial, diminui as chances dela ficar doente (emocionalmente e fisicamente), contribuindo para que possa produzir mais e melhor.

Então, se você tem uma posição de liderança, pergunte-se: será que eu me preocupo com o bem-estar da minha equipe? Será que as pessoas do meu time se conhecem?

A frase de Simon Sinek, autor do best-seller “Comece Pelo Porquê”, nos diz que: “100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende pessoas, você não entende de negócios”. Isso nos convida a uma profunda reflexão sobre as relações que mantemos no trabalho e como elas podem influenciar na saúde e na performance das equipes. Será que não estamos pecando no óbvio?

A felicidade é uma ciência e, como já mencionamos, tem na Psicologia Positiva um forte embasamento complementar. A proposição da Psicologia Positiva é enxergar o que cada um tem de bom. Nesse sentido, a felicidade no mundo corporativo pode se contrapor a uma cultura empresarial de focar em desenvolver as fraquezas do colaborador e dar lugar a pensar no que de melhor ele pode trazer, o que lhe é natural, o que é o seu propósito.

Sou entusiasta do tema bem-estar e felicidade no trabalho e ex-burnout. Busquei uma vida com mais propósito, onde me sinto realizada, mais desafiada e sinto o meu trabalho com mais significado.

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