Opinião

A polêmica nota de R$ 200,00

A polêmica nota  de R$ 200,00
Crédito: REUTERS/Adriano Machado.

Pollyanna Rodrigues Gondin*

Na segunda-feira (2), o Banco Central (Bacen) colocou em circulação a nota de R$ 200,00, com a imagem do lobo-guará. Se antes, a nota de maior valor era a de R$ 100,00, agora, essa será substituída e o maior valor nominativo de dinheiro vivo em circulação será de R$ 200,00.

Segundo a diretora de administração do Bacen, essa nova nota é necessária para reduzir os custos de impressão, pois neste momento aumentou a demanda por papel-moeda (dinheiro vivo ou em espécie). Esse aumento foi causado pelo cenário de incerteza que vivemos, diante da pandemia instalada e pelo saque do auxílio emergencial, já que, muitos beneficiários, além de preferirem dinheiro em espécie, não possuem conta em bancos.

Entretanto, existem incoerências nesta argumentação, uma vez que, segundo o próprio departamento de estatística do Bacen, este aumento é temporário. Empresas fechando as portas, trabalhadores sendo demitidos, colocar em circulação uma nova nota monetária não irá resolver os problemas que assolam nossa economia. Pelo contrário, pode corroborar para a perda da confiança social, já que a estabilidade da nossa moeda assume um papel social relevante. E, diga-se de passagem, vivemos um momento de estabilidade inflacionária, não justificando, mais uma vez, a criação da nota de R$ 200,00.

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Para além desses argumentos, estamos indo na contramão mundial no que diz respeito ao combate à lavagem de dinheiro. A União Europeia, por exemplo, estuda tirar de circulação a nota de US$ 500,00 para dificultar atividades ilícitas. Outra questão é que, cada vez mais, a internet tem sido utilizada para realizar pagamentos virtuais, não justificando, mais uma vez, a emissão dessa moeda.

Neste momento, criar a nota de R$ 200,00 não irá resolver nossos problemas, que, diga-se de passagem, são grandes: alto número de mortes devido à Covid-19, metade da população brasileira sem acesso a esgoto tratado, empresas falindo, pessoas ficando desempregadas e poucos recursos destinados para combater à pandemia. Quais são, de fato, nossas prioridades?

* Tutora do curso superior de Blockchain, Criptomoedas e Finanças na Era Digital do Centro Universitário Internacional Uninter

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