A relevância das decisões humanas
Cesar Vanucci*
“(…) Quem decide desamedronta a vida.”
(Padre Juvenal Arduini, sociólogo e professor)
A eleição do último dia sete de outubro, com resultados que vão dar muito que falar por vasto espaço de tempo, abriu nova chance aos leitores para conhecer um pouco mais dos conceitos e ideias do grande sociólogo Juvenal Arduini. Na edição de sábado, recordemo-nos, este escriba estampou neste espaço que frequenta dia sim, dia não, sugestivo texto do saudoso pensador alusivo ao significado da política na vida comunitária. Outra fala do mesmo autor, sobre o significado da decisão nas atitudes comportamentais humanas, pareceu-me igualmente oportuna para ser aqui reproduzida nesta hora em que os eleitores brasileiros são chamados a escolher, numa segunda etapa eleitoral, os futuros dirigentes da administração pública federal e estadual. Escusado anotar a vantagem de que se reveste para o público ledor a substituição de minhas palavras pelas do autor citado.
Assim falou Arduini: “Decidir é fenômeno humano a ser cultivado. Há vários tipos de decisão. A decisão esquiva procura adiar o momento da decisão. Há pessoas que temem decidir-se e mantêm-se em suspenso. Permanecem na dúvida e não optam. Muitos esperam que os fatos decidam por eles. Substituem a decisão pessoal pelos acontecimentos.” “Existe a decisão fatalista. É decisão cega, mecânica. Há os que acreditam na fatalidade. O que vai acontecer, acontecerá, dizem.”
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(…)“Existe a decisão adesista. Há pessoas que decidem em sintonia com os outros. Copiam a opção repetida. Repetem as decisões dos colegas, dos amigos, dos professores, dos artistas, dos políticos, das crenças. Aderem às decisões alheias. São pessoas que reproduzem as decisões do ambiente que as cercam.” (…) “ São máscaras dos procedimentos do meio social.”
“Decisão precipitada é imatura. Não possui fundamento sólido. É escolha leviana que, posteriormente, gera arrependimento. Em vez de decisão ponderada, revela veleidade. E, então, em vez de optar por valor consistente, a decisão caprichosa rola na futilidade.”
(…) “Se existe o arremedo da decisão, há também autêntica decisão (…).” “Decisão crítica, refletida e madura. Decisão original que irrompe do interior humano e marca a vida da sociedade.” (…) “Decisão que consolida autonomia pessoal e define o futuro (…).” “A verdadeira decisão amadurece a personalidade. E contribui para que o ser humano selecione valores básicos e defina rumos éticos a serviço da humanidade. Decisão é gênese vital.”
“Importa assumir as decisões. Responder pela opção livre. Há que comprometer-se com as consequências das decisões.” (…) “A decisão coerente perpetua a realidade pessoal e social. Decidir sem assumir é farsa.”
“Decidir exige audácia. Inclui risco. Em certas situações, a decisão provoca ruptura. Às vezes, optar é escolher um valor e deixar outro, é abraçar um caminho e descartar outro.”
(…) “ A decisão personaliza o ser humano. Decidir é ação pensada que leva a pessoa a ser mais consciente, mais livre, mais criativa, mais responsável e mais ousada. A vida humana é um tecido feito de decisões. Quem tem medo de decidir refugia-se na mediocridade. O decidir maturo emancipa a personalidade. Quem vive sem decidir vegeta. E quem tem coragem de decidir tem também coragem de viver. E quem tem medo de decidir tem medo de viver.” (…) “ Quem não decide amedronta a vida. Derrota a vida. Mas quem decide desamedronta a vida. E apruma a existência humana. Sustentar a decisão é assumir a verdade. Por isso, decidir é viver.”
* Jornalista ([email protected])
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