Opinião

A sustentabilidade dos recursos naturais – I

A sustentabilidade dos recursos naturais – I
Várias tecnologias podem contribuir para a agenda net-zero | Crédito: Freepik

Pode-se aceitar que o tema sustentabilidade, como conceito e prática, reúne três vertentes fundamentais e indissociáveis:  sociedade, enquanto organização social e consumidora de tecnologias, produtos e serviços, meio ambiente e a economia, sendo, portanto, visível sua tríplice e objetiva abrangência mundial e atingindo os continentes, mares e oceanos, diversidade de climas e solos, biodiversidades, relevos geográficos, ciclos hidrológicos, culturas, hábitos e costumes.

Somam-se ainda tradições e saberes, bem como deriva das pressões crescentes de demandas exercidas pelos quase 8 bilhões de habitantes que vivem nas cidades, regiões metropolitanas e paisagens rurais desse planeta Terra num permanente processo sinérgico de mudança e adaptação ao longo de milhões de anos. Cenários complexos e diversos, bastando registrar que os recursos hídricos estão mal distribuídos no planeta e no Brasil.

O Brasil, com 851,5 milhões de hectares, sendo o 5º maior continente, ainda preserva 66,2% de sua cobertura vegetal primária e abrange também 12% das reservas mundiais de água doce de superfície e consideráveis vocações regionais para produzir alimentos de origem animal e vegetal, fibras, biomassa, energia limpa renovável e produtos florestais.

E mais, contando com um laborioso e eficiente sistema de pesquisa agropecuária nacional e estaduais, que gera inovações tecnológicas, compartilhadas e boas práticas sustentáveis à adoção pelos agricultores familiares, médios produtores e empresários do agronegócio brasileiro, bem como formando profissionais nas escolas de agronomia e em outras instituições de ensino ligadas às Ciências Agrárias e afins, e somando esforços associados com outros atores que atuam no sistema agronegócio.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, as “Áreas Protegidas pela Legislação Ambiental” são as seguintes: Unidades de Conservação, 151,9 milhões de hectares (17,8%); Terras Indígenas, 117,3 milhões (13,8%); Área de Reserva Legal e Preservação Permanente, 268 milhões (31,5%); Cidades, Estradas, Hidroelétricas, e outros, 26 milhões (3,1%); e Áreas Disponíveis para a Agropecuária, 40,1 milhões de hectares, totalizando 563,5 milhões de hectares ou 66,2% do território nacional.

Contudo, a tese equivocada da abundância dos recursos naturais deve ser definitivamente descartada, pois, desde a Revolução Industrial de 1760 (Inglaterra), período recente na longa história da humanidade, que as pressões sobre os recursos naturais estão numa curva ascendente, emitindo os gases de efeito estufa e ampliando práticas não compatíveis com a sustentabilidade da Natureza.

Entre outras conquistas humanas, que não foram poucas, o advento da agricultura há 10-12 mil anos determinou uma nova relação com os recursos naturais para além da caça e da pesca artesanais, e fundamentaram os rudimentos da produção agrícola e pecuária numa evolução constante até o século XXI, com seus notáveis avanços científicos e tecnológicos nas culturas e criações, no manejo do solo e da água, com ganhos sequentes de produção, produtividade e qualidade por unidade de área cultivada e por unidade de pequenos e grandes animais.

As demandas, entre outras, por alimentos, água e energia aumentam com o crescimento populacional e no atendimento de suas necessidades básicas. Senão vejamos: em 1872, 1º Censo Demográfico, o Brasil abrigava 9,93 milhões de habitantes e chegando aos 212,7 milhões de habitantes em 2021 ou mais 2.042%, segundo o IBGE. Estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) sinaliza que a população mundial deverá atingir 8 bilhões de habitantes em novembro de 2022, um avanço de 80.431% contra 1 bilhão de habitantes em 1850,eprevisão de 9,5 bilhões em 2050: uma explosão demográfica, com seus desafios conjunturais, segurança alimentar, políticas públicas, tecnologias embarcadas, pesquisas, plataformas digitais, agricultura irrigada, agricultura de precisão, preservação e conservação dos recursos naturais, bioeconomia, distribuição da renda per capita e redução das desigualdades e sejam elas quais forem!

Um cenário complexo de sustentabilidades exigidas não somente no campo, como também nas cidades na trilogia econômico, social e ambiental, que deverão ser monitoradas no viger do século XXI e demandando bilhões e bilhões de dólares em investimentos públicos e não governamentais nos respectivos países do planeta Terra, e muita educação de qualidade para todos envolvidos nessa marcha rumo ao futuro presumível.

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