Opinião

A sustentabilidade dos recursos naturais – II

A sustentabilidade dos recursos naturais – II
Crédito: Pexels

O Brasil, que passa por Minas Gerais, tornou-se uma potência mundial na agropecuária e no setor de base florestal nos últimos 50 anos. Os mercados e as tecnologias adotadas pelos produtores rurais explicam esse desempenho auspicioso, mas ainda há muito o que fazer nos 5,073 milhões de estabelecimentos agropecuários brasileiros, com suas características socioeconômicas ligadas aos recursos naturais e à gestão eficiente para resultados.

Em 2023, o Brasil poderá responder por 25% das exportações mundiais de carnes de frango, bovina e suína (Usda). Faz-se justo destacar que, quando se aborda a produção de grãos, cereais e oleaginosas, sem subestimar outras atividades agropecuárias, justifica-se nesse limitado artigo. Contudo, essas ofertas de grãos viabilizam as agroindústrias, a bovinocultura de leite e corte, suinocultura, avicultura de postura e corte, piscicultura de peixes cativos, e outras fontes de alimentos in natura e processados, para abastecer e exportar.

Entre 1975 e 2020, a produção agrícola brasileira cresceu 400% e a população, na mesma comparação, atingiu + 97,6% e passando de 107,1 milhões de habitantes para 211,8 milhões. Numa lógica linear, pode-se depreender que não faltam alimentos básicos, e sim dinheiro no bolso dos consumidores e fortalecimento dos programas sociais de combate à fome, que não pode esperar!

Além disso, o Brasil é liderança mundial no recolhimento e tratamento ambientalmente correto de embalagens primárias de defensivos agrícolas (94%), em nível de campo, e na reciclagem de latinhas de alumínio e havendo processado 33 bilhões de latinhas usadas (98,7%) em 2021. Valiosa contribuição à sustentabilidade!

Entre outras tecnologias agropecuárias, o plantio direto, que conservando o solo agrícola, umidade e replicando a matéria orgânica, reduzindo consideráveis gastos com defensivos agrícolas, condicionantes ambientais, cresceu de 17,9 milhões de hectares cultivados em 2006 para 32,9 milhões em 2017 (+ 83,8%), segundo o Censo Agropecuário 2017. Na safra brasileira de grãos 21/22 foram cultivados apenas 74,3 milhões de hectares e oferta de 271,2 milhões de toneladas, em 8,7% do território do Brasil.

Segundo o engenheiro agrônomo Maurício Fernandes (MS): “A sustentabilidadedeve considerar também o uso/ocupação das unidades de paisagens nos limites de suas capacidades e suportes.” É bom recordar que as bacias hidrográficas rurais são as grandes áreas coletoras de chuvas para múltiplos usos na agropecuária, agroindústria, indústria, comércio, abastecimento domiciliar e nos serviços, bem como na geração de energia. Além disso, continua um desafio a gestão das águas superficiais e subterrâneas no Brasil!

E mais, nesse caminhar, a visão urbana sobre o agronegócio é muito importante, necessária e indispensável, porém, devendo se fundamentar em fatos científicos e pesquisas mensuráveis, evitando-se extremos desnecessários e devidos à desinformação deliberada num paísdefinitivamente urbanizado! Num mundo em permanente mudança sempre haverá razões suficientes para aperfeiçoamentode processos nos cenários rurais e urbanos.

Por fim, o planejamento dessa operação triangular econômico, social e ambiental, certamente exigirá, por exemplo, uma visão estadual, mas sua execução deverá ser regionalizada,poisessas condicionantes não serão iguais se houver comparações entre o Norte de Minas e a Zona da Mata; Noroeste e Sul de Minas; Região Central e Leste mineiro; Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. Entretanto, não seria novidade nenhuma essa estratégia! Segundo o IBGE, “Minas Gerais é o estado mais diversificado na sua economia rural”: acrescento, uma síntese do Brasil!

Adotar inovações custa muito dinheiro para quem planta e cria, assim como será indispensável a sustentabilidade dos sistemas de produção regionais. Como pano de fundo, há um poderoso grupoeconômico externo, que reúne países e empresas, monitorando o agronegócio brasileiro por suas competências em produzir e exportar! O PIB do agro brasileiro foi de R$ 2,34 trilhões em 2021.

 (Os artigos assinados refletem a opinião do autor. O Diário do Comércio não se responsabiliza e nem poderá ser responsabilizado pelas informações e conceitos emitidos e seu uso incorreto)
Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas