Opinião

Afinal, o que é Web3? Você já ouviu falar na nova geração da internet?

Afinal, o que é Web3? Você já ouviu falar na nova geração da internet?
Crédito: Adobe Stock

A Web3 ainda é um conceito em construção (e bastante controverso). Ninguém sabe ao certo como será o futuro da internet e não existe uma definição única que contemple de forma sintética todas as possibilidades de seu desenvolvimento, assim, muitas vezes o termo funciona como um grande guarda-chuva para projetos inovadores que em algum momento podem convergir (envolvendo tecnologias como AI, IoT, DLT, Cloud & Edge Computing ou Machine Learning), ou é relacionado a categorias como Tecnologias da Inteligência e Indústria 4.0.

Por isso, talvez a melhor forma de compreendermos a ideia no momento seja traçar uma linha evolutiva. Os criptoativos nasceram sem qualquer menção à web3 e o termo blockchain, há alguns anos, se limitava a abrigar um pequeno grupo de criptomoedas, começando pelo Bitcoin. Porém, sua criação foi um marco determinante para o desenvolvimento dos alicerces da Web3 (instituindo o conceito de digitalização das finanças como uma das pedras angulares desse novo ecossistema) e hoje, especialistas estão convencidos que eles apenas abriram a porta para o crescimento do restante do setor, voltando-se para a construção de um novo tipo de internet.

A blockchain é uma espécie de livro de registros digital, uma rede descentralizada, eficiente, veloz, barata e segura onde transações são efetuadas e inscritas de maneira única, transparente, confiável e imutável, sem a necessidade de intermediadores ou autoridades e servidores centralizados. As blockchains são a tecnologia por trás do funcionamento das criptomoedas, a rede segura na qual elas funcionam, mas não se resumem a isso, apresentando uma infinidade de novas promessas e possibilidades e potencialidades para seu desenvolvimento, de forma que poderá potencializar a Web3 com a introdução de conexões confiáveis e arquiteturas de interação mais horizontalizadas, distribuídas e diretas, sem os tradicionais desníveis de hierarquia e intermediação, inaugurando a era da “internet of ownership”.

Essa perspectiva evolucionista da internet foi fomentada pela criação do termo Web2, em 1999, por Darcy DiNucci (posteriormente difundido por Tim O’Reilly), e nem tudo é tão linear quanto parece.

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Na Web1, o conteúdo era estático. O usuário podia apenas visualizar um conteúdo pronto e acabado, sem interagir com ele. É apenas um visitante. Foram as primeiras páginas da internet, baseadas em hyperlinks.

A Web2 é a internet colaborativa, onde o usuário interage com o conteúdo e com os outros usuários: Faz posts, comentários, reage e sugere edição ou edita páginas, cria perfis, produz e compartilha conteúdo. Essa geração da internet desenvolveu-se em grande parte para atender aos requisitos das redes sociais.

Mas esse conteúdo ainda é centralizado nas plataformas e nós dependemos delas. Por exemplo, se você tem um canal de vídeos popular em uma plataforma de streaming audiovisual ou um negócio com um perfil que tem mais de 100 mil seguidores em uma rede social, se um dia, por acaso, a plataforma acaba, ou deleta o seu perfil, você perde todos os seus vídeos e todos os seus seguidores. Eles não são de fato seus, são da plataforma (basta notar o quanto é difícil conseguir migrar seguidores e bases de usuários entre plataformas).

Além de serem donas do conteúdo e dos perfis, essas grandes plataformas (as Big Techs) também são donas de seus dados e das informações armazenadas sobre eles, frequentemente utilizadas comercialmente.

A Web3 traz uma visualização de futuro difícil de ser formulada com assertividade. É nítido, porém, que iremos interagir cada vez mais com dispositivos conectados entre si e ao nosso corpo. Bandas de rede mais largas (5 e 6g) e uma maior proximidade dos servidores permitirão experiências mais imersivas e profundas ou customizadas e integradas ao mundo real. Isso acarretará um impacto profundo nos fundamentos da sociedade, da cultura, da economia, da política, das leis, da educação, da soberania e das relações entre os estados.

Na Web1 você é um consumidor um consumidor que apenas olha a vitrine de fora (eu compro). Na Web2, um colaborador podeaté expor os seus produtos na vitrine (eu participo). Na Web3, você é um dos donos da loja, um proprietário, que pode montar a vitrine e ajudar a escolher o que vai ser exposto (eu pertenço).

A importância dos ativos digitais e das tecnologias Web3 expande-se progressivamente na sociedade, acompanhando o aumento de tempo que as pessoas empregam em tarefas online e o volume de recursos financeiros alocados em tais atividades. A Web3 envolve uma mudança de comportamento: da base de usuários para a comunidade, do cliente por colaborador que suporta um projeto. Ele não acompanha, ele faz parte e constrói junto.

A economia virtual pode ser o lugar onde os ativos mais valiosos estarão concentrados nas próximas décadas.Jogos, plataformas e aplicações descentralizadas poderão se tornar as novas redes sociais, pois é nestes mundos virtuais que as pessoas estarão por grande parte de seu dia, jogando, interagindo, consumindo, se divertindo, estudando ou trabalhando, criando dessa forma comunidades e ecossistemas econômicos vibrantes, capazes de funcionar das mais diversas maneiras. Muitas pessoas juntas, acreditando em uma mesma ideia e construindo em conjunto os meios para realizá-la pode ser algo muito poderoso.

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