Agricultura familiar mineira
Nos cenários rurais de Minas Gerais, com 58,6 milhões de hectares e 853 municípios, havendo efetiva e permanente assistência técnica, mercados atraentes, interno e externo, adoção de inovações tecnológicas nas culturas e criações, gestão visando bons resultados econômicos, sociais e ambientais revelam as crescentes demandas dos 605,7 mil estabelecimentos, segundo o Censo Agropecuário 2017, dos quais 443,2 mil (72,7%) são da agricultura familiar, porém, existindo ainda cenários comerciais abertos às atividades agropecuárias e reunindo os médios produtores e grandes empresários do agronegócio mineiro.
Entretanto, não haveria como sustentar, à luz dos fatos, esse controverso ideológico entre agricultura familiar versus agronegócio, pois, todos estão submetidos, com suas singularidades socioeconômicas, às regras dos mercados e leis ambientais vigentes. As tecnologias e boas práticas sustentáveis abrangem o universo rural e devem ser ajustadas às características agroeconômicas regionais.
Vejamos alguns dados expressivos da agricultura familiar: considerando a idade dos produtores (as) de 45 anos para mais de 65 anos somam 79,0%; a posse da terra de 1 hectare a menos 50 hectares abrangem 82,5% dos 605,7 mil estabelecimentos; das pessoas ocupadas na agricultura familiar, 85% têm laços de parentescos; 90,7% acessam a energia elétrica, sendo um “insumo” indispensável à produção, acesso regular à informação e bem-estar social no campo, enquanto qualidade de vida!
Somando-se os fruticultores e horticultores familiares de Minas Gerais, a área total explorada atinge 260 mil hectares e gerando 520 mil empregos diretos nas regiões produtoras, e relembrando que o Estado é o 2º polo brasileiro de horticultura e o 3º produtor de frutas, sendo que entre 45% a 60% desses agentes econômicos se enquadram na agricultura familiar.
O segmento familiar responde também por 70% a 80% da oferta dos queijos artesanais, e cujos padrões sequentes de qualidade logram renovados prêmios internacionais. Nessa panorâmica, estimam-se que 10,8 mil apicultores familiares produzem mel no Estado, e 59,4% das ofertas são originárias do Sul/Sudoeste, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Jequitinhonha e Norte de Minas.
E mais, 463 municípios mineiros produzem café e a agricultura familiar responde por 85,3% da oferta, e o Estado lidera a produção nacional e as exportações do café arábica; 234,1 mil produtores familiares dedicam-se à pecuária leiteira, com uma produção estimada de 35 mil toneladas anuais de derivados do leite (Emater-MG).
Por outro lado, os agricultores familiares irrigam 246,1 mil hectares, através de diversos métodos de irrigação, e se concentram em 64,1% nas regiões do Norte de Minas e Sul/Sudoeste de Minas.
A agricultura irrigada poderá avançar mais, com ganhos sequentes de produção, produtividade e gestão da água! Segundo o Censo Agro 2017, 1,83 milhão de pessoas estavam ocupadas nos 605,7 mil estabelecimentos agropecuários, sendo 41,0% na agricultura não familiar e 59% na agricultura familiar, sendo que 87,2% são proprietários do total dos estabelecimentos recenseados.
Minas Gerais lidera a produção de alimentos orgânicos no Brasil, com 10,8 mil estabelecimentos, e predomínio dos agricultores familiares (IBGE/2021). A produção de azeites e vinhos mineiros, premiados, conta com a efetiva presença da agricultura familiar numa probabilidade acima de 70,0%. É preciso conhecer para medir e planejar!
Contudo, sem subestimar centenas de condicionantes que afetam a agroeconomia, que já coleciona bons exemplos de sucesso, sem dúvida alguma, emerge indispensável, estratégica e somando forças a necessidade de fortalecer e ampliar as bases cooperativas e associativas.
Assim posto, o cooperativismo e o associativismo em Minas Gerais, e no Brasil, são ferramentas poderosas de integração econômica, social e ambiental, que passam pela agropecuária mineira. As políticas públicas também são estratégicas para promover o desempenho eficiente da agricultura familiar mineira e seus papéis na segurança alimentar!
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