Ajuda, impeachment, restrições

“Estamos cientes da incapacidade do governo de gerir essa enorme crise sanitária.” (Requerimento de dirigentes religiosos ao Parlamento)
● O teto dos gastos públicos é elemento relevante na política governamental. Mas, à luz do bom-senso e da justiça social, não cabe invocá-lo como empecilho intransponível à concessão de ajudas emergenciais neste cenário calamitoso, com tanta gente desesperada na luta pela sobrevivência. Esforcem-se ao máximo líderes com poderes para autorização de despesas extras no sentido de acudirem aos apelos dramáticos das ruas relativos à extensão das medidas protetivas adotadas até aqui em função da pandemia. Os benefícios revestem-se de caráter providencial para contingente avolumado de patrícios, das esferas socialmente mais desguarnecidas da população, privados de renda para satisfação mínima de suas necessidades básicas. O auxílio não pode faltar também para o pequeno empreendedor alvejado igualmente em cheio pela inclemência do flagelo. A ajuda terá que ser assegurada enquanto perdurar essa crise, que alvejou impiedosamente a economia popular, sobretudo os segmentos mais fragilizados.
● Já somam quase 60 os requerimentos protocolados no Congresso pedindo impedimento do presidente Jair Bolsonaro. A maioria é originária de militantes políticos que se contrapõem às ações administrativas e atitudes pessoais do chefe do governo. Ao presidente da Câmara dos Deputados cabe, institucionalmente, a iniciativa de acatar, ou não, as postulações, colocando-as, ou não, em tramitação regimental para análise dos parlamentares. Lembremo-nos do que ocorreu, em passado recente, no caso do afastamento de Dilma Rousseff. Várias solicitações de impedimento foram encaminhadas à Casa. O então presidente da CD, Eduardo Cunha, entendeu de dar curso a um dos requerimentos. O que veio em seguida entrou para a história. No tocante aos pedidos de agora, envolvendo personagens e cenários diferenciados, faz jus a anotação o fato de os signatários de um dos requerimentos estarem vinculados a organizações religiosas, de variadas tendências. O documento é endossado, entre outras, por instituições como a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Conselho das Igrejas Cristãs do Brasil; Aliança de Batistas do Brasil; Juventude Franciscana do Brasil; Dirigentes religiosos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Como se vê, uma conjugação de forças de cunho ecumênico. Na petição levada à Câmara os signatários sustentam, com palavreado candente, que o governo vem cometendo crimes imperdoáveis de responsabilidade relacionados às políticas de saúde pública, revelando incapacidade de “gerir essa enorme crise sanitária” que assola o país.
● Louvável exemplo de solidariedade social. Empresas privadas dos Estados Unidos vêm incentivando funcionários, afastados dos escritórios, em reclusão domiciliar por causa da pandemia, a se alistarem, como voluntários, prestando serviços auxiliares de logística administrativa nas operações coordenadas pela saúde pública, no enfrentamento da Covid-19. As adesões têm sido significativas.
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