Aqui, não é dando que se recebe

Que o Brasil está cheio de problemas todo mundo sabe: fome, desemprego, falta de oportunidades de crescimento para os jovens, crise na saúde, para citar alguns. O cidadão geralmente associa tudo isso à falta de recursos, agravada pela ineficiência na gestão pública. Mas eu posso dizer que todos estes problemas também existem em uma região que responde por 2,1% do PIB mineiro e tem uma das economias mais sólidas do Estado. Nosso problema? Temos a menor população de Minas, com 395.811 habitantes.
E o que recebemos de volta? De uma forma mais didática, doamos muito mais do que recebemos. E esse valor cai a cada ano, ainda que nossa produção só aumente, por pior que seja o cenário de crise.
Estou falando do Noroeste de Minas Gerais, onde ficam cidades como João Pinheiro, Unaí e Paracatu, onde eu nasci. Mas, no total, são 19 municípios que produzem muito e representam uma força expressiva para a economia do Estado. E, quanto menor a população, mais graves são os problemas de infraestrutura. Isso é grave para uma região como a nossa, rica em minérios (ainda que não seja um dado oficialmente registrado na ANM, a própria Kinross afirmou ter conseguido produzir cerca de 17 toneladas de ouro em 2019); que é destaque na produção de grãos e algodão; que é a maior produtora de leite do Estado e com rebanho de corte em grande volume em quantidade e qualidade.
A gente planta, cuida, colhe e, nem sempre, consegue fazer nossa produção chegar à mesa de milhões de brasileiros. Vemos, contentes, nosso algodão se transformando em agasalho que protege do frio. Mas, por outro lado, é triste quando pensamos que, ainda hoje, a fome e o frio maltratam milhões de pessoas ao mesmo tempo em que, aqui, se perde comida por falta de condições de armazenagem ou escoamento.
Essa dor tem dois lados: a de quem depende do que produzimos e também a nossa, que somos a menor massa eleitoral do Estado, com 1,9% da população. Pois é assim que nós, cidadãos do Noroeste de Minas, nos sentimos: uma massa eleitoral sem identidade e que não está adequadamente representada na Assembleia Legislativa, nem na Câmara dos Deputados. E ficamos à mercê de migalhas.
Por isso, somos vistos, lembrados e iludidos a cada quatro anos durante as campanhas eleitorais. Aí, vemos nossa região invadida por grupos políticos em busca de nossos votos. Culpa deles? Não. Culpa nossa… pelo menos até agora.
Ainda bem! Antes tarde do que nunca, acordamos para o valor da nossa representatividade. É hora de escutar o Noroeste. E para que isso ocorra, é preciso somar forças, porque essa é a receita para avançar. Assim, finalmente receberemos o que já ofertamos. Nesta causa, até mesmo aquela que possa parecer a menor das ajudas será capaz de nos auxiliar a somar forças e fazer toda a diferença!
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