A revelação

O ciclo da vida se renova a cada amanhecer. E é natural fazer comparações, pois estamos inseridos na convivência de nossa família e comunidade. Buscamos a todo momento compreender o que acontece a nossa volta, pois o que acontece com o outro poderá ocorrer conosco. Como se concretizou e que fatores facilitadores contribuíram para a eclosão daquela situação específica vem à tona quando perscrutamos um fato. Avançar no entendimento de como somos responsáveis com nossa parcela para o tempo presente e futuro, pode nos ajudar a escolher novos caminhos.
Nosso cérebro é incrivelmente antenado para suas necessidades. A vida quotidiana tende a se repetir. Assim, conseguimos perceber paulatinamente o sentimento que ressoa em nós que é testado no limite. Experimentamos ora de forma clara, ora de forma nebulosa o significado daquela circunstância que nos faz reagir. E não há uma receita pronta para a solução dos problemas da vida, uma vez que os desafios vistos de fora são diferentes da experiência vivida por dentro.
Uma das causas mais comuns das frustrações e incompreensões é a cegueira dos sentidos. Além dos domínios sensoriais clássicos conhecidos como o tátil, olfativo, gustativo, visual e auditivo encontramos grupos de pessoas que revelam outras três categorias destes domínios. Algumas demandam fortes emoções, sabores ou cheiros para equilibrar seus sentidos ou se sentirem preenchidas. Outras se comportam distraídas ou hiperfocadas para se desvencilharem dos ruídos do mundo. Outras se apresentam sem energia ou força muscular para fazerem as coisas. Ainda outras usam seus músculos agitadamente para sentir que suas pernas e braços estão mesmo conectados por mais estranho que isto soa parecer. Esta constatação é um achado. Pois somos formados por cerca de quatrocentos músculos e seria de esperar que se reconhecesse mais cedo ou mais tarde seu papel nos mais diversos contextos.
No campo da visão isto também pode acontecer. Na Síndrome de Irlen ocorre grande sensibilidade à luz.
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Em algumas populações chega a afetar uma em cada sete crianças que apresentam dificuldade de leitura e aprendizado, às vezes acompanhada de dor nos olhos e dor de cabeça. Este problema pode ser contornado trocando-se o papel branco onde está a escrita por papéis coloridos. Como por encanto as crianças conseguem ler! Óculos com lentes coloridas que filtram a luz podem efetivamente ainda mais melhorar a percepção visual. Eventualmente isto pode explicar também porque algumas crianças choram exasperadamente ou se sentem tão desconfortáveis em um ambiente de “clarão” de um supermercado.
Uma em cada seis crianças pode ter um problema sensorial e uma em cada vinte pessoas pode apresentá-lo em tal intensidade que os faz sofrer neste mundo sem serem compreendidas. É de se notar que há pessoas não verbais, há quem entende bem uma informação somente se escutar as palavras em um ritmo bem devagar. Tem gente que capta muito mais informações de um acontecimento do que é possível se imaginar. Um perfume pode roubar a cena e fazer tudo acontecer. Ou uma cor, uma música, ou um decote podem deflagrar novas trajetórias de vida dados os sentimentos e reações que despertam.
Conhecer-se e conviver perpassa por estar atento a todos os detalhes. Não se pode rotular nem a si mesmo, quanto mais os outros. O que importa mesmo é focar nos problemas e como os resolver. Aquilo que não conseguimos fazer sozinhos é porque precisamos de colaboração, simples assim!
Repensar como as ciências da Saúde enxergam a causa das doenças tem feito muita diferença na vida das pessoas. Cada vez mais, à medida que se descobre onde tudo começou, seja no gene, seja na enzima que falta, seja no que altera a capacidade de amar se consegue guiar o tratamento individualizado que alguém de fato precisa. Vale também a perspectiva do recém-nascido que acabou de chegar, pois este conhecimento poderá conduzir a prevenções mais assertivas.
Repensar a ciência e fazer releituras deve ser nossa sina. Nos tornará capazes de “Ir Além”. Aliás, este é o título da canção de Eros Biondini que nos inspira a promover a paz de convivência que tanto almejamos: “Posso alcançar minhas vitórias sem ferir ninguém”. O caminho é o da superação que alimenta a autoestima e o amor pela vida.
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