Administração condominial exige seriedade e responsabilidade

As ofertas de administração condominial, que prometem soluções completas com alto grau de atratividade comercial, têm se multiplicado nos últimos anos. Algumas propostas incluem meses de cortesia, estruturas operacionais enxutas e condições que parecem vantajosas. Mas, na prática, é essencial olhar além dos benefícios imediatos e refletir sobre os impactos de médio e longo prazos.
Administrar condomínio não é tarefa simples. A atividade exige conhecimento técnico, preparo jurídico, capacidade de gestão financeira, estrutura contábil e atenção à conformidade fiscal e regulatória. Trata-se da condução de um patrimônio coletivo, com responsabilidades que ultrapassam a esfera administrativa e alcançam diretamente a segurança jurídica e a estabilidade institucional do condomínio.
A consequência da má gestão pode ser sentida no bolso dos condôminos. Em Minas Gerais, mais de 44 mil dívidas condominiais foram protestadas em cartório nos últimos três anos, totalizando R$ 18 milhões em inadimplência, segundo o Instituto de Protestos de MG. O protesto é um recurso gratuito e eficaz para síndicos e administradoras, mas um indicativo de que a saúde financeira dos condomínios precisa de atenção constante e gestão qualificada.
Golpes financeiros, desvio de fundos, má administração e aumentos indevidos nas taxas condominiais também geram preocupação para quem decide confiar a proteção e administração do seu lar a terceiros. Em 2024, casos marcantes foram registrados no Brasil e, em BH, uma única fraude representou o desvio de R$ 700 mil para as contas da ex-síndica de um condomínio na Pampulha.
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Nesse cenário, é fundamental avaliar com cautela propostas que destoam significativamente da média de mercado em termos de escopo, estrutura e modelo de operação. Quando a relação entre o que é oferecido e a complexidade da gestão condominial não está equilibrada, aumentam os riscos de negligência, desorganização e exposição legal.
Em alguns casos, novas receitas são utilizadas para manter contratos antigos, criando uma lógica de dependência que pode se tornar insustentável. Mesmo empresas experientes vêm adotando estratégias de expansão que nem sempre consideram a viabilidade a longo prazo e, quando esse equilíbrio se rompe, os prejuízos recaem diretamente sobre os condôminos.
É preciso lembrar que os órgãos de fiscalização, como a Receita Federal e as prefeituras, têm até cinco anos para apurar irregularidades, podendo impor multas e penalidades mesmo após a troca de síndicos ou administradoras. Ou seja, decisões tomadas hoje podem ter reflexos duradouros e difíceis de reparar.
O alerta é claro: a administração condominial exige seriedade, preparo e responsabilidade. Escolher com base apenas em vantagens imediatas pode comprometer a segurança e a estabilidade do condomínio. Mais do que boas promessas, é preciso buscar competência, transparência e compromisso com a sustentabilidade da gestão.
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