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O agro no cooperativismo mineiro

O agro no cooperativismo mineiro
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Há muito tempo venho ressaltando que o agronegócio brasileiro precisa receber a atenção que merece, compatível com a sua importância na economia do País. Esse setor, que sustenta nossa balança comercial e impulsiona o desenvolvimento, é o segmento que coloca alimento na mesa das pessoas e gera emprego e renda a milhares de trabalhadores no campo e, por extensão, nas cidades. No entanto, esse trabalho árduo, que se repete de sol a sol nas áreas rurais, ainda está longe de alcançar o justo reconhecimento em nossas cadeias de produção.

A preponderância do agronegócio fica ainda mais evidente quando olhamos para os números do cooperativismo agropecuário em Minas Gerais, que tem papel fundamental na promoção da produção agrícola regional e nacional. Somos 193 cooperativas, que representam 21,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, e que retratam uma consistente trajetória de crescimento. Nos últimos 10 anos, o faturamento do setor passou de R$ 10,8 bilhões para R$ 42 bilhões, demonstrando resiliência – dadas as intempéries econômicas nacionais e globais – e compromisso com as demandas de agricultores e produtores.

O uso da tecnologia tem sido essencial para aumentar a produtividade e a sustentabilidade nesse segmento, e nisso também as cooperativas se destacam. Elas fornecem acesso coletivo a ferramentas de automação, monitoramento avançado, biotecnologia e análise de dados, que permitem aos agricultores melhorar a eficiência e a tomada de decisões. Além disso, compartilham conhecimento e negociam preços vantajosos, aumentando o poder de transação dos produtores rurais.

Acompanhando o desempenho dessas cooperativas, percebemos o quanto elas são sólidas para enfrentar os desafios e construir um futuro promissor para o segmento. À frente do cooperativismo mineiro, liderando iniciativas de representatividade, estímulo, modernização e sustentabilidade desse modelo de negócios, o Sistema Ocemg pode comprovar que essa expansão do ramo agro não acontece por acaso.

Ela é fruto de um trabalho ininterrupto que reverbera numa gestão eficiente e responsável das nossas lideranças. Trata-se, portanto, da demonstração de uma governança eficaz, com geração de resultados e admissão de novos cooperados, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Tudo isso nos mostra que temos mais desafios pela frente. Uma gestão criteriosa continua sendo fator crucial na busca pela sustentabilidade e pelo desenvolvimento contínuo dessas organizações. Ações concretas podem potencializar os resultados do setor como um todo. Entre elas, podemos citar: a diversificação de atividades, com exploração de diferentes segmentos agropecuários e produtos de maior valor agregado; a implementação de estratégias de gestão de riscos, incluindo o uso de instrumentos financeiros para proteção contra a volatilidade de preços e taxas de câmbio; a adoção de práticas sustentáveis, que garantam economia de recursos e melhoria de imagem junto ao público; o monitoramento de dados contínuos para revisão de planos estratégicos e alinhamento com as mudanças; e o acesso a financiamentos estratégicos.

Um olhar especial deve ser voltado para o seguro e o crédito rural, que são instrumentos de apoio e desenvolvimento da agricultura e da pecuária e contribuem de maneiras distintas para essas atividades: o primeiro, oferecendo uma rede de segurança contra os variados riscos que afetam a agricultura, reduzindo a incerteza e incentivando os agricultores a investirem; o segundo, alocando recursos financeiros para apoiar as despesas típicas dos diferentes estágios dos ciclos de produção e possibilitando investimentos em bens e serviços, incluindo atividades de comercialização e industrialização.

Aqui, é preciso lembrar do papel das cooperativas de crédito, que agem como facilitadoras no acesso ao seguro rural, negociando tarifas vantajosas com seguradoras e integrando serviços de crédito e seguros. Elas auxiliam na apresentação de sinistros, ajudam na avaliação de riscos específicos das operações agrícolas, incentivam práticas sustentáveis e promovem a proteção financeira dos membros, contribuindo para a resiliência das comunidades agrícolas.

Assim, tratar todas essas questões com responsabilidade e prioridade garantirá que as cooperativas agropecuárias continuem sendo fontes de inspiração para o cooperativismo e força vital na economia mineira, dando suporte à nossa bandeira em defesa do agronegócio brasileiro.

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