Amazônia no centro da COP30 e o futuro da economia global de carbono
À medida que a COP30 se aproxima do fim, uma constatação se tornou incontornável: a Amazônia deixou de ser tema lateral para ocupar, de forma definitiva, o centro da agenda climática e econômica mundial. Em Belém, líderes, cientistas, investidores e representantes da sociedade civil convergiram para um consenso que vinha se formando há anos, mas que agora ganha contornos operacionais: a floresta não é apenas um patrimônio ambiental, é infraestrutura estratégica para a economia global de carbono.
Com mais de 80 bilhões de toneladas de carbono armazenadas, segundo o INPE, o bioma amazônico se consolida como um dos pilares da regulação climática planetária. A COP30 expôs uma mudança importante de percepção: a preservação da Amazônia não é custo, é ativo. E, como tal, requer regras claras, métricas confiáveis e governança capaz de transformar seu valor ecológico em valor econômico e social.
As discussões em Belém evidenciaram que conservação e desenvolvimento não apenas podem coexistir, são interdependentes. A floresta em pé sustenta cadeias emergentes da nova economia, como créditos de carbono de alta integridade, bioinsumos, soluções baseadas na natureza, pesquisa científica, biodiversidade aplicada, biotecnologia e turismo de baixo impacto. Esses ativos criam vantagem competitiva para o Brasil em um mercado internacional cada vez mais exigente e orientado por evidências.
Mas a COP30 também mostrou que potencial não basta. Integridade, mensuração e transparência se tornaram palavras-chave nos debates, especialmente diante das demandas globais por sistemas de MRV (medição, reporte e verificação) auditáveis e alinhados a padrões internacionais. Nesse cenário, diagnósticos de maturidade ESG ganham papel protagonista: permitem identificar riscos, quantificar impactos e demonstrar, com rigor técnico, o desempenho ambiental e social de empresas e governos.
Ao longo da conferência, ficou claro que dados robustos são a passagem de entrada para o mercado de carbono que o Brasil almeja liderar. Quando informações confiáveis se unem a políticas públicas consistentes, os investimentos sustentáveis se tornam mais previsíveis, atraentes e seguros — condição essencial para que a floresta gere prosperidade contínua.
Saímos de Belém com uma mensagem inequívoca: o futuro da economia global de carbono passa pela Amazônia, mas ele só será viável se construído com visão sistêmica, integração entre setores e fortalecimento das comunidades que há séculos mantêm a floresta viva.
A COP30 está quase no fim, mas o trabalho começa agora. Conservar não é abrir mão do crescimento; é garantir que ele seja possível, competitivo e duradouro. O Brasil tem a oportunidade e a responsabilidade de provar isso ao mundo.
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