A anarquia da ética e da integridade

Toda estrutura socioeconômica exige governança, frequentemente representada por áreas de fiscalização e auditoria, compostas por profissionais altamente capacitados e bem remunerados. No Estado de São Paulo, auditores fiscais iniciam com salários de R$ 20 mil; na Receita Federal, podem chegar a R$ 38 mil. Na iniciativa privada, auditores em grandes empresas recebem até R$ 30 mil mensais, e líderes da área podem chegar a alguns milhões de reais por ano em remuneração. Há quem associe altos salários à resistência à corrupção, mas isso é um equívoco: ética não se compra, essa remuneração atrativa acompanha responsabilidade, capacidade, confiança e resiliência.
Recentemente, auditores fiscais de São Paulo foram presos por envolvimento em um esquema de corrupção que movimentou cerca de R$ 2 bilhões. Estariam acreditando que o crime compensa? Vivemos uma anarquia ética?
Casos emblemáticos reforçam essa triste percepção: Ricardo Eletro, condenado por sonegação, hoje dá palestras; Eike Batista, preso por apenas 3 meses dos 11 anos de condenação, também virou professor. No caso da Americanas, após três anos, nenhum executivo está preso. Na Ultra Farma e Fast Shop, os executivos já foram liberados e devem responder em liberdade.
Diante desse cenário, é essencial valorizar e promover os princípios de ética e integridade. A profissão de auditoria carrega consigo um alto grau de confiança, seja no setor público ou privado. Em tempos sombrios, é urgente fomentar o debate, educar as novas gerações e condenar firmemente qualquer violação desses valores.
O momento demanda combater essa anarquia e reafirmar nossos princípios seja como auditor ou cidadão.
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