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Antissemitismo e Estado da Palestina

O antissemitismo é algo intolerável e execrável, assim como o racismo e o anti-islamismo também o são
Antissemitismo e Estado da Palestina
Crédito: Dawoud Abu Alkas/Reuters

“Catálogo interminável de horrores” (António Guterres, Secretário-Geral da ONU)

A boa convivência social recomenda enfaticamente não se perder de vista jamais as propostas humanísticas e espirituais que conferem dignidade à vida. O antissemitismo é algo intolerável e execrável. O racismo e o anti-islamismo também. A consciência humana repudia igualmente toda e qualquer aversão, manifesta ou dissimulada, que se nutra a alguém ou a grupos específicos por conta de suas crenças religiosas, hábitos culturais, etnias e gênero.

Criticar com veemência o horror de Gaza não é antissemitismo. Deplorar a mortandade cruel provocada pelo bombardeio incessante, que acontece no maltratado território, não é antissemitismo. Registrar que há gente, milhares de crianças inclusive, morrendo de fome e que o total de jornalistas mortos naquelas paragens é superior aos das duas guerras mundiais não é, pela mesma forma, antissemitismo. Clamar por cessar-fogo que favoreça a entrada de ajuda humanitária imprescindível, que liberte os indefesos reféns e que possa conduzir os litigantes à mesa de negociações, como vem sendo feito, aliás, por multidões israelitas nas ruas de Telaviv, não é antissemitismo. Pedir seja aberta uma trégua nas insanas hostilidades, como fez o Conselho de Segurança da ONU com um único voto contrário, o dos EUA, não é positivamente antissemitismo. Exigir, como faz a Comunidade das Nações, a implantação do Soberano Estado da Palestina, lado a lado do soberano Estado de Israel, não é, decididamente, antissemitismo.
Tudo quanto dito acima é o próprio óbvio ululante. Mas, o óbvio ululante carece ser dito e repetido em momentos obnubilados pela falta de diálogo, discordâncias passionais, adulteração do sentido das palavras e do significado das coisas.

As lideranças globais mais esclarecidas, conectadas com o verdadeiro sentimento universal mostram-se convictas, não é de hoje, do que é preciso ser feito no tocante à solução do angustiante drama de Gaza. O radicalismo de feição fundamentalista opõe-se, com ações terroristas de um lado e virulenta repressão de outro lado, às propostas carregadas de esperança que possam pôr fim ao pavoroso conflito. O cessar-fogo, a soltura imediata dos reféns seguida de conversações coordenadas pela ONU, constituem medidas indispensáveis e urgentes, ditadas pelo bom senso, almejadas ardentemente pela sociedade de nossos tempos. O alvo maior a ser alcançado, dentro desses generosos anseios, é a constituição do Estado da Palestina, abrangendo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Para que isso possa se consolidar será necessário, evidentemente, que a Comunidade das Nações estruture, inicialmente, um sistema de controle dos referidos territórios até que a Autoridade Palestina esteja em condições plenas de assumi-los.

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