Apagão cibernético: impacto financeiro é apenas a ponta do iceberg

No dia 19 de julho de 2024, o mundo foi surpreendido por um apagão cibernético de proporções inéditas. Tudo começou com alguns bits de código incorretos em uma atualização, mas as consequências foram catastróficas. Mais de 5 mil voos comerciais foram cancelados e negócios foram interrompidos, desde vendas no varejo até procedimentos em hospitais.
Esse evento trouxe perdas que podem alcançar US$ 1 bilhão, abalando também o tempo e a produtividade de pessoas em todo o mundo. E o que as empresas podem aprender com isso?
A falha pode até ser um evento isolado. Mas na verdade é reflexo de um problema sistêmico: a subestimação da complexidade dos processos associados à cibersegurança e atualizações. E o impacto financeiro é apenas a ponta do iceberg.
O episódio nos lembra que, no mundo digital, nada é trivial: pequenos erros podem desencadear uma série de eventos desastrosos. O que aconteceu é um alerta sobre a necessidade de um planejamento meticuloso e precauções robustas. Algumas práticas podem ajudar a diminuir esses riscos, mas naturalmente envolvem recursos e planejamento.
Muitas vezes uma prática relativamente simples, como atualizar os endpoints em etapas ou camadas progressivas já muda o jogo. Apenas por não implementar as atualizações todas de uma vez já é possível verificar se haverá ou não alguma consequência indesejada.
Não quero de maneira nenhuma culpar as vítimas que confiam no fornecedor e pagam um preço bem alto por isso. Ao contrário, aproveito o exemplo para reforçar a necessidade do C-Level dar ouvidos ao seu time de cyber-sec, entendendo que os riscos são reais e demandam investimentos racionais em prevenção.
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Eu arriscaria dizer que na esmagadora maioria dos times de segurança encontramos um grande número de profissionais analisando toneladas de alertas enviados pelas ferramentas de endpoint e sem tempo para ações de planejamento racional. Considerando que hoje dispomos de ferramentas de IA já treinadas para fazer esse trabalho automaticamente, fica bem evidente que o retorno desse investimento é certo e rápido.
Mantenha o monitoramento contínuo
Após uma atualização, o monitoramento contínuo dos sistemas é essencial para detectar e resolver problemas o mais rápido possível. Ferramentas de monitoramento em tempo real são essenciais e podem alertar sobre quaisquer anomalias, permitindo uma resposta rápida e eficaz.
Adote uma cultura de segurança
Para evitar futuros apagões cibernéticos, é essencial que as empresas desenvolvam uma cultura de cibersegurança em todos os níveis organizacionais. Isso significa que esse quesito deve ser uma prioridade desde o desenvolvimento até a implementação e o monitoramento contínuo, levando em conta educação, treinamento, investimento em tecnologia e uma governança rigorosa.
O apagão cibernético global daquela sexta-feira foi um alerta de que um planejamento meticuloso e as precauções robustas não são luxos, mas necessidades absolutas.
Adotar uma abordagem proativa e responsável é meio caminho para garantir que erros de código não se transformem em catástrofes globais. Afinal, a próxima falha pode estar apenas a um bit de distância.
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