Belo Horizonte cresce na força do coletivo

Belo Horizonte chega a mais um aniversário confirmando uma vocação que sempre admirei como belo-horizontino: a capacidade de somar esforços para transformar a realidade. Quando olho para a nossa Capital, vejo uma cidade que aprendeu a se apoiar na força do coletivo, inspirada pelas montanhas que a cercam e pela convicção de que o mundo inteiro cabe aqui, em Minas Gerais.

Quem nasce em Belo Horizonte, cresce sabendo que pão de queijo se come quentinho, que “uai” é mais que uma palavra — é sentimento, e que a Serra do Curral não é só paisagem; é parte da identidade. Belo Horizonte ensina, desde cedo, que solidariedade não se aprende — se vive; e que cooperar é muito melhor do que competir.

Agregadores por natureza, os belo-horizontinos encontram no cooperativismo um importante aliado para enfrentar os desafios do dia a dia. O coop está presente no transporte que leva o trabalhador diariamente, no plano de saúde que atende milhões de famílias, no acesso ao crédito que abre portas para os pequenos empreendedores. Hoje, mais de 378 mil pessoas são associadas a uma das 141 cooperativas instaladas na capital. Juntas, essas organizações movimentam mais de R$ 24 bilhões de reais por ano, gerando trabalho, renda e desenvolvimento para milhares de pessoas.

A cooperação também ajuda a garantir a segurança alimentar da nossa cidade. Boa parte do alimento que chega às feiras e supermercados de BH tem, na sua origem, o trabalho de agricultores organizados em cooperativas. Ao fortalecer o produtor rural, nosso modelo de negócios ajuda a estabilizar o custo da cesta básica, estimula a produção sustentável e mantém viva a ligação entre Belo Horizonte e o interior produtivo.

Para a nossa Capital, o coop ainda entrega o compromisso com a sustentabilidade e com a preservação do meio ambiente. O Sistema Ocemg — entidade que representa as cooperativas de Minas Gerais — foi a primeira instituição do município a receber o Selo BH Sustentável, concedido pela prefeitura a organizações comprometidas com boas práticas ambientais.

Esse não é apenas um reconhecimento simbólico. É um reflexo de uma série de ações continuadas com foco na geração de economia limpa e sustentável, na reciclagem de resíduos sólidos e em projetos de reflorestamento de áreas estratégicas da cidade. No Parque Fernando Sabino, por exemplo, na Pampulha, já foram plantadas 117 mudas de árvores nativas, ajudando a recompor a vegetação e a proteger nascentes em uma região que é patrimônio ambiental dos belo-horizontinos. Ano que vem, a previsão é de que sejam plantadas outras 11 mil mudas no Parque Estadual Serra Verde, próximo à Cidade Administrativa. A iniciativa é fruto da arrecadação obtida pela Casa do Cooperativismo Mineiro durante a Corrida da Cooperação — prova de rua mais solidária da capital que, somente em 2025, reuniu 7 mil atletas, doou 13,4 toneladas de alimentos e direcionou todo o valor das inscrições para o plantio de árvores.

A parceria com instituições de saúde é outro capítulo importante dessa história. Desde 2020, o Sistema Ocemg doa parte da energia gerada por suas três usinas fotovoltaicas para a Santa Casa de Belo Horizonte. Com isso, a instituição economiza na conta de luz e pode redirecionar esses recursos para sua atividade principal: cuidar da saúde de quem mais precisa, atendendo milhares de pacientes não só da capital, mas de todo o Estado.

Além disso, em 2025, as mais de 110 mil pessoas atendidas pelo Hospital da Baleia — referência em oncologia e hemodiálise — contaram com um reforço que também nasceu da cooperação: a unidade recebeu cinco mil litros de leite por mês, enviados pelo Sistema Ocemg e por outras entidades representativas do setor produtivo. Ao longo de um ano, serão sessenta mil litros incorporados a cerca de 1,1 mil refeições diárias de pacientes e acompanhantes.

Em reconhecimento à atuação do setor em Belo Horizonte, a prefeitura da cidade instituiu, em setembro deste ano, o Dia Municipal do Cooperativismo, a ser celebrado todo 4 de julho. E quando uma capital da magnitude da nossa faz isso, instaura uma forma de reconhecimento público que ajuda a aproximar o coop da população, das escolas, da imprensa e da agenda política local.

Mais recentemente, em novembro, o Sistema Ocemg e a Prefeitura de Belo Horizonte firmaram um acordo para a realização conjunta de projetos de educação ambiental, gestão de resíduos sólidos, uso racional de recursos naturais e apoio ao reflorestamento urbano, colocando o cooperativismo no centro de uma agenda estratégica para o futuro da nossa capital e protagonista na apresentação de soluções concretas para os desafios cotidianos.

Com tudo isso, parabenizo BH pelos seus 128 anos, certo de que a cidade recebe seu presente, diariamente, das mãos da cooperação.