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BH Airport: o portão aéreo de Minas para o Brasil e para o mundo

Ao invés de pensar na volta de alguns voos à Pampulha, é preciso pensar em tornar o BH Airport mais próximo
BH Airport: o portão aéreo de Minas para o Brasil e para o mundo
Foto: Divulgação / BH Airport

Kishore Mahbubani, pensador que, em tempos recentes, é tido como o melhor estrategista a analisar o embate geopolítico entre a China e os EUA, pontua, em uma de suas obras mais instigantes, que o primeiro passo para desenvolver qualquer estratégia exitosa é fazer as perguntas certas.

Perguntas erradas endereçam respostas erradas, e o desastre, inevitável, assevera. E, em se tratando de estratégia de longo prazo, é preciso ir mais à frente, pensar o impensável. Há um caso ocorrido em Minas, que se faz presente, o qual valida plenamente a afirmação.

Na virada do século, o governo estadual e várias entidades de classe lidavam com uma pergunta central sem, todavia, obter uma resposta convincente: como transformar CNF, tido como o aeroporto do fim do mundo, em um portão aéreo internacional, competitivo e vital à economia regional?

Em esforço consertado entre todos os atores, a pergunta foi feita a consultores especializados, sediados em várias partes do mundo, em movimento que antecedeu uma tomada de decisão sobre o que o Estado deveria priorizar e como investir.

À época, a tornar a situação mais complexa, existia uma variável fora de controle uma vez que CNF continuava como um ativo federal, ainda sem ter sido concessionado à iniciativa privada.

Consultorias de excelência baseadas na Alemanha, Singapura, EUA e Canadá, como a Lufthansa Consulting, Changi International Consultants, CH2M HILL e MXD Development Strategies, acorreram a Minas e foram categóricas em afirmar: além de uma infraestrutura de classe mundial, da definição de um acesso seletivo entre o centro da urbis e o sítio, a conectividade aérea, nacional e internacional se coloca como o mais valioso ativo de um hub.

É ela que define o principal indicador de integração e da capacidade de competição de um território. Com base nisso, ainda em 2005, deu-se a primeira decisão dos governos estadual e federal ao implementar a transferência para CNF de todos os voos nacionais que operavam no Aeroporto da Pampulha com o objetivo de adensar a malha, iniciativa que foi louvada nos processos de concessão dos dois sítios, ocorridos em 2013 e 2021, respectivamente.

Cada rota aérea é indutora de oportunidades, investimentos, turismo e empregos. São arduamente disputadas pelas cias. aéreas e protegidas pelos setores público e privado. Se há fragmentação da malha com outros aeroportos próximos, há a imediata perda de escala, dispersão dos fluxos de passageiros e de cargas e o inevitável comprometimento no esforço de atração de novas rotas internacionais, processo tido como complexo e lento. No fundo, trata-se de um adensamento de valor ao território e de se escalar a conectividade nas dimensões interna e externa o que requer tempo e perseverança com a estratégia de longo prazo.

Por isso, aventar a possibilidade de fragmentar as rotas do BH Airport, ainda não consolidado, é mutilar a estratégia de longo prazo que segue exitosa. Guinar à volta ao passado, requalificando PLU para voos comerciais, sabidamente um aeroporto limitado, cujo processo de concessão vetorizou à aviação executiva nacional e internacional, constitui não apenas um retrocesso imperdoável.

É revisitar uma resposta errada a uma indagação equivocada, com perdas irrecuperáveis à economia do Estado. O que é estratégico e urge ainda ser feito é tornar o BH Airport mais próximo, reduzindo em quase a metade o tempo de traslado com a implementação de uma faixa seletiva de rolagem até o aeroporto, pedagiada.

Passadas duas décadas, pode-se dizer que o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte é um case de sucesso nacional, graças à sua estratégia exitosa. Ainda que um dos itens críticos apontados pelos consultores não tenha sido viabilizado (a faixa seletiva para o tráfego), os números impressionam.
O BH Airport deve chegar aos 13,1 milhões de passageiros processados em 2025, com 63 destinos nacionais e 8 internacionais. Hoje, já é o 5º mais movimentado, todavia, o mais bem avaliado em todo o País. Está pronto para processar até 30 milhões de passageiros/ano.

O sonho se tornou realidade: Minas tem o seu portão aéreo para o Brasil e para o mundo!

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