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Brasil na vanguarda do mercado de créditos de carbono

Expectativa esá pela implementação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE)
Brasil na vanguarda do mercado de créditos de carbono
Crédito: Reprodução Adobe Stock

O cenário global de combate às mudanças climáticas tem impulsionado uma transformação sem precedentes na economia, e o Brasil emerge como um protagonista fundamental no mercado de créditos de carbono. Com uma vasta riqueza natural e um compromisso crescente com a sustentabilidade, o País está consolidando sua posição por meio de uma regulamentação robusta, a adoção de tecnologias de ponta para certificação e a prospecção de uma liderança global neste setor estratégico.

A tendência mais significativa e aguardada é a implementação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), estabelecido pela Lei nº 15.042, sancionada em dezembro de 2024. Este marco legal cria um mercado regulado de carbono no modelo “cap-and-trade”, em que empresas com emissões acima de um limite predefinido serão obrigadas a adquirir créditos, enquanto aquelas que conseguirem reduzir suas emissões abaixo do teto poderão vender o excedente.

Paralelamente à regulamentação, a inovação tecnológica desempenha um papel vital na credibilidade e eficiência do mercado. A certificação de créditos de carbono, que historicamente dependia de metodologias complexas e, por vezes, custosas, está sendo revolucionada pelo uso de tecnologias avançadas. Assim, empresas brasileiras estão desenvolvendo e aplicando metodologias inovadoras, muitas vezes validadas internacionalmente, para mensurar o carbono sequestrado ou evitado, utilizando dados de satélites, inteligência artificial e outras ferramentas digitais.

Além disso, discute-se a criação de uma certificadora nacional de créditos de carbono, com o apoio de instituições como o BNDES e o Banco do Brasil. Essa iniciativa visa reduzir a dependência de certificadoras estrangeiras, tornando o processo mais ágil, transparente e financeiramente acessível para projetos locais, fortalecendo a infraestrutura do mercado interno.

A combinação de uma legislação moderna e avanços tecnológicos pavimenta o caminho para a consolidação do Brasil como líder global no mercado de créditos de carbono. A vasta cobertura florestal do país, especialmente a Amazônia, e sua expertise em práticas agrícolas de baixo carbono, como a integração lavoura-pecuária-floresta e o uso de bioinsumos, conferem-lhe uma vantagem competitiva única. O compromisso do Brasil em zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050, alinhado às metas globais, e o fato de sediar a COP30 em Belém, amplificam o foco internacional sobre o país, que se projeta como um dos maiores exportadores potenciais de créditos de carbono.

Diversas empresas já atuam ativamente neste mercado, tanto na compra quanto na geração de créditos. Entre as que investem (compram) créditos de carbono para compensar suas emissões, destacam-se gigantes globais como Shell, Eni, Disney e Apple, que buscam neutralizar sua pegada de carbono e atender a requisitos regulatórios ou de sustentabilidade corporativa. Setores como Óleo e Gás, Tecnologia, Entretenimento e Indústria são os maiores compradores.

No lado da geração (venda) de créditos, o Brasil se sobressai com projetos baseados em soluções naturais e práticas sustentáveis. Organizações de energia renovável, como Tesla e Nextera Energy, e indústrias que implementam processos de baixo carbono, como a Rima e a Vale, são exemplos. No agronegócio, que tem um enorme potencial, empresas como a São Martinho (açúcar e etanol) e a Algar Farming se destacam.

Finalizo, reforçando que o mercado de créditos de carbono no Brasil segue crescendo. A sinergia entre a regulamentação governamental, a inovação tecnológica e o engajamento do setor privado estão moldando um futuro em que o país não apenas cumpre suas metas climáticas, mas também se estabelece como líder na economia verde global. Este é um caminho promissor para uma economia mais sustentável e próspera, com benefícios ambientais e sociais duradouros.

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