Caminho do Brasil na transição energética

A disputa entre China e Estados Unidos na transição energética oferece lições valiosas ao Brasil. De um lado, temos a China, que acelerou de forma impressionante sua capacidade de geração renovável. Segundo a Agência Nacional de Energia (Aneel), apenas em 2024, o país adicionou 373 milhões de quilowatts à sua capacidade instalada de fontes limpas, consolidando-se como a grande “fábrica verde” do mundo. Painéis solares, baterias de lítio e veículos elétricos chineses chegam a mais de 200 países, reforçando a hegemonia asiática no setor.
Do outro lado, os Estados Unidos enfrentam uma contradição: embora tenham capacidade tecnológica e científica para liderar, ainda estão presos a uma economia fortemente dependente do petróleo. Além disso, parte da sociedade norte-americana mantém visões divergentes sobre as mudanças climáticas, influenciadas por fatores políticos, econômicos e culturais. Esse contexto contribui para que o país avance de forma mais gradual em relação à China na corrida pela transição energética.
E onde entra o Brasil nessa equação? Nosso país ocupa hoje a sexta posição mundial em geração de energia solar. Temos abundância de sol, vento e biomassa, mas seguimos subaproveitando todo esse potencial. Ainda de acordo com a Aneel, já ultrapassamos a marca de 6 milhões de consumidores que utilizam energia solar na modalidade de Geração Distribuída, com mais de 3,7 milhões de sistemas instalados em residências, comércios, áreas rurais e indústrias. Apesar do avanço, ainda é uma parcela pequena diante da população total.
Isso mostra que precisamos investir mais em políticas públicas, infraestrutura e, sobretudo, na conscientização das pessoas. Cada consumidor tem o direito de escolher a origem da energia que consome. Ao optar por fontes renováveis, contribui não apenas para a redução da própria conta de luz, mas também para um processo global de mitigação da crise climática.
Mas não basta olhar apenas para o setor residencial. É preciso pensar em soluções estruturais: investimento na eletrificação da frota brasileira de veículos e políticas voltadas ao uso de baterias para armazenamento de energia são dois exemplos que poderiam acelerar o nosso protagonismo no cenário global.
A transição energética é inevitável. A questão é: vamos nos antecipar, aproveitando nossas vantagens competitivas, ou esperar que outros países determinem os rumos desse processo? O Brasil tem todas as condições para ser referência mundial em energia limpa, mas precisa agir agora.
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