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Catástrofe no RS: impactos da sustentabilidade

Atualmente, estamos vivenciando uma verdadeira catástrofe socioambiental no Rio Grande do Sul
Catástrofe no RS: impactos da sustentabilidade
Crédito: Lauro Alves/ Secom

As mudanças climáticas, causadas pelo aquecimento global, aumentam a frequência de eventos climáticos extremos em todo o mundo, pois o aumento da temperatura da terra e dos oceanos intensifica essas ocorrências, com chuvas mais intensas. Como resultado, estamos sempre acompanhando muitos desastres ambientais em todo o mundo e em nosso país. Com isso, as comunidades estão sujeitas a riscos, especialmente em áreas urbanas, em que combinam espaços ambientalmente instáveis (planície de inundação, morros, encostas). Os riscos aumentam com o crescimento populacional, muitas vezes desordenado, e falta de políticas públicas efetivas.

Nesse momento, estamos vivenciando uma verdadeira catástrofe socioambiental no Rio Grande do Sul, resultado das fortes chuvas, registrando uma quantidade equivalente à média esperada para os próximos três meses. Como consequência, vários foram os estragos na região, fazendo com que famílias perdessem tudo.

Em 2023, nos meses de junho, setembro e novembro, o mesmo estado passou por situação semelhante. A diferença é que em 2023 foi ocasionada por um ciclone extratropical e a chuva foi concentrada e rápida, com fortes rajadas de vento, e os números dos estragos foram menores. Agora, ocorre uma persistência da chuva, com o rompimento de barragem, desmoronamentos e a velocidade da água, arrastando e derrubando facilmente o que encontrava, ocasionando alagamentos e números alarmantes.

Segundo o Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil (2023), do Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem 13.648 áreas de risco, das quais 4.160 mil estão classificadas como áreas de risco muito alto e outras 9.498 como risco alto, colocando a vida de 3,983 milhões de pessoas em perigo. Especialistas em desastres defendem uma abordagem preventiva, por meio de iniciativas como controle da ocupação do espaço urbano e envolvimento das comunidades locais na preparação contra desastres. 

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Para Carlos Nobre, cientista brasileiro referência mundial em mudanças climáticas, os desastres ambientais serão crescentes, devido à manutenção de emissão de gases de efeito estufa e os fenômenos vivenciados hoje serão piores. Mas o governo do Rio Grande do Sul, sabendo do histórico recente do estado, poderia ter desenvolvido políticas públicas mais efetivas, voltadas a planos de contingência, um melhor planejamento urbano, relocação de famílias que estão em áreas mais vulneráveis, além da capacitação para toda a comunidade, principalmente as que estão em locais de maior risco, pois o que pudemos observar em algumas redes sociais foi o desespero da população que não sabia como agir diante da tragédia.  

O que fazer então em meio a essas informações e acontecimentos? De quem é a culpa dessa catástrofe socioambiental histórica no RS? Do governo (federal, estadual, municipal), da população gaúcha, de determinada religião que acredita no fim dos tempos? Em quem e o que você colocaria a culpa pelos desastres ambientais no Brasil e no Rio Grande do Sul?  

A resposta para isso depende de como você tem cuidado da sua casa, e entenda a palavra casa como o nosso planeta, e em como você tem buscado a sustentabilidade. Mas você pode dizer, chuva sempre existiu e o que tudo isso tem a ver com sustentabilidade? Sim, chuva sempre existiu, mas a frequência e a gravidade como se tem apresentado é o que nos preocupa e nos deixa a reflexão: de sermos sustentáveis onde estivermos; ou seja, refere-se a algo que pode ser mantido ou suportado ao longo do tempo, sem comprometer a capacidade de atender às nossas próprias necessidades e das gerações futuras.  

Não existe um culpado, existe a parcela de responsabilidade de cada indivíduo:

1) uma sociedade (todas as nações) que devem estar buscando a sustentabilidade, cada qual fazendo a sua parte dentro de suas limitações;

2) um governo com as políticas públicas para estar preparado para todas as adversidades socioambientais, como esta que assola o RS, sabendo direcionar, atuar e atender as situações de risco; e

3) as comunidades locais, de estarem preparadas para agir quando necessário, e também serem multiplicadores ambientais e sociais, cuidando do nosso meio ambiente. Assim, quem sabe, cada um assumindo a sua parcela de responsabilidade, conseguimos mudar cenários como esse do RS que nos tem feito refletir.  

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