Com tarifaço à vista, empresas precisam blindar seu caixa agora

O recente anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que interpôs um novo pacote tarifário ao Brasil, especialmente no setor de manufaturados e commodities estratégicas, acendeu um sinal de alerta não apenas no campo político, mas principalmente na realidade financeira das empresas brasileiras. Independentemente do debate geopolítico, o fato é que grandes exportadores e fornecedores integrados a cadeias internacionais já começam a revisar projeções e reavaliar contratos. E essa reação tem um efeito direto e quase imediato sobre o caixa das empresas.
Em momentos de incerteza global e volatilidade comercial, ter um fluxo de caixa estabilizado torna-se um escudo estratégico. Ter fôlego para sustentar operações, renegociar compromissos e reagir a mudanças bruscas na demanda pode significar a diferença entre resistir ou ceder. Já vimos isso em 2020, quando a pandemia expôs a fragilidade de quem dependia demais do giro e pouco da liquidez. Agora, com um possível novo cenário nas relações comerciais com os EUA, o risco está novamente na mesa. A diferença é que o tarifaço, caso aconteça, será a partir de agosto e isso nos dá tempo para agir.
Independentemente dos setores envolvidos, o aumento de tarifas tende a reduzir margens de exportações, diminuindo a capacidade de pagamento, aumentar o custo de produção em setores que dependem de insumos importados e gerar cautela bancária, com impactos nas concessões de crédito e aumento do spread. Ou seja, a liquidez pode secar rapidamente para empresas que não se prepararem.
Não existe fórmula mágica para lidar em cenários de incertezas, especialmente na economia, mas existem alguns caminhos que as empresas podem analisar com mais contundência. Isso passa pela revisão do fluxo de caixa projetado para os próximos 6 a 12 meses, considerando cenários pessimistas, pela negociação de prazos com fornecedores e clientes para proteger o capital de giro, pela busca por linhas de crédito com menor custo agora, antes que os bancos ajustem suas políticas e, claro, olhar todas as opções que o mercado pode oferecer, como a antecipação de recebíveis.
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Essa possibilidade surge, inclusive, como boa alternativa estratégica em cenários de incerteza como o atual, ao permitir que empresas transformem vendas a prazo em capital imediato, fortalecendo seu caixa operacional sem recorrer a endividamento tradicional. Essa liquidez extra pode compensar quedas de receita, enfrentar aumento de custos e manter compromissos em dia, garantindo resiliência diante de possíveis retrações no comércio internacional e maior seletividade bancária.
O tarifaço de Trump pode ou não se concretizar em toda sua força, mas sua sinalização já é suficiente para exigir uma reação estratégica das empresas brasileiras, especialmente as médias e grandes que atuam no mercado internacional. Em cenários incertos, quem tem caixa, tem controle. E quem se antecipa, lidera.
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