Como conduzir equipes diante de crises humanitárias

Antes mesmo da tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul, já vivíamos uma epidemia de pessoas adoecidas nas organizações, reflexo de uma sociedade consumida pelo trabalho e amortecida pelo individualismo. Porém, a chegada de uma crise humanitária como a que se instalou no Estado gaúcho ampliou ainda mais esses efeitos.
Há muito tempo se fala dos efeitos do aquecimento global, e todos precisam fazer a sua parte para uma transformação radical de como lidamos com a questão. Nesses momentos, é crucial que a liderança aja com rapidez e empatia quando tragédias ocorrem, para atender às demandas individuais e coletivas. Isso inclui garantir a segurança material e emocional, oferecer suporte contínuo identificando as novas necessidades de cada colaborador, conectar as pessoas a recursos profissionais e permitir ajustes nas cargas de trabalho.
O relatório da The School of Life aponta que apoio e acolhimento são para 65% das pessoas os fatores mais importantes do trabalho. Um outro dado do mesmo estudo nos faz questionar se a liderança é parte fundamental desta mudança, a pergunta que fica é: ela está capacitada para acolher as pessoas que apresentam questões de saúde mental? Do lado da gestão, 46% disse não estar pronta e não possuir planos para treinamentos em 2023 e nem em 2024., e do lado dos liderados, 61% dizem haver falta de preparo dos gestores.
Por isso, uma liderança humanizada estará melhor desenvolvida para lidar com situações extremas, com um olhar sensível aos seus liderados, reconhecendo sinais de angústia. A ansiedade, depressão, raiva, isolamento e esgotamento podem se intensificar após eventos traumáticos como os que estamos vivenciando. Além disso, é essencial compreender que esses acontecimentos podem afetar a comunicação, o aprendizado e a colaboração entre as pessoas.
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Em tempos de crise, os líderes também devem cuidar de si mesmos, apoiados por uma organização que tem o bem-estar como pilar central para um trabalho satisfatório, oferecendo apoio e suporte emocional, afinal, é impossível exercer uma liderança humana se estamos anestesiados das nossas emoções e do nosso corpo. A liderança costuma ser um exemplo a ser seguido dentro da organização, e se ela estiver mais presente emocionalmente e com atenção em seus processos, é provável que isso se estenda aos seus liderados.
Apesar dos desafios em busca de resultados, é fundamental que todos os recursos sejam direcionados para o bem-estar das pessoas afetadas, tanto aquelas que estão no epicentro da tragédia quanto as que podem oferecer suporte para restaurar o senso de propósito e dignidade. Diante das adversidades impostas pelas mudanças climáticas, a liderança humanizada emerge como uma força transformadora, capaz de guiar empresas e comunidades rumo a um futuro mais resiliente e compassivo.
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