Concessão das rodovias do Vetor Norte é um avanço para a mobilidade

Nas últimas semanas, muito se tem discutido sobre a concessão das rodovias MG-010, MG-424 e LMG-800 à iniciativa privada. As três vias cortam regiões estratégicas do Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, conectando cidades importantes como Lagoa Santa, Vespasiano, Confins e Sete Lagoas. A proposta do governo de Minas prevê um robusto pacote de melhorias, com investimentos de R$5 bilhões ao longo de 30 anos.

Por se tratar de um projeto que envolve a implantação de pedágio, é natural que a iniciativa, em um primeiro momento, gere questionamentos. No entanto, é essencial olhar para o contexto completo da proposta, que vai muito além da cobrança e apresenta inúmeros impactos positivos para a região — especialmente para o transporte público e os milhares de passageiros que dependem do sistema diariamente.

Um dos pontos mais relevantes é a isenção total de pedágio para os ônibus das linhas metropolitanas e municipais. As empresas, portanto, continuarão operando sem aumento de custos, garantindo a manutenção das tarifas atuais para os passageiros.

Em uma análise rápida, fica claro concluir que isso gera algo muito importante: o incentivo direto ao transporte coletivo, que se traduz em benefícios para toda a população. O primeiro, menos carros nas vias. Com os ônibus isentos, a tendência é que mais pessoas optem por usar este meio, contribuindo para reduzir os congestionamentos. O segundo, sustentabilidade, já que o maior uso de coletivos reduz a emissão de gases poluentes e o consumo de combustíveis, contribuindo para melhorar a qualidade do ar.

Para finalizar essa tríade, teremos mais mobilidade urbana. Com menos veículos de passeio nas rodovias, o fluxo se torna mais dinâmico e eficiente, fomentando novos negócios e impulsionando a economia da região, já que passageiros e demais motoristas circularão com mais agilidade.

Podemos enumerar mais ganhos, sobretudo relacionados à infraestrutura. E aqui não falo apenas de boa pavimentação. O projeto contempla pistas duplicadas, sinalização aprimorada, novos acessos e suporte emergencial 24 horas. Para o transporte público e os cidadãos, isso significa viagens mais seguras, rápidas e previsíveis. Estudos indicam, por exemplo, que as melhorias podem reduzir em até 45% os acidentes nos trechos contemplados.

Outro ponto essencial é a modernização da cobrança de pedágio. O sistema free flow elimina as tradicionais praças e permite pagamento proporcional à quilometragem percorrida, além de oferecer descontos progressivos que podem chegar a 50% para usuários frequentes, o que traz mais justiça tarifária para os motoristas. Esse modelo evita filas e reduz o tempo de deslocamento.

Modernizar a infraestrutura viária é essencial para o crescimento das cidades, mas sabemos que o estado, muitas vezes, enfrenta dificuldades para arcar com os custos e a manutenção dessas melhorias. A concessão, nesse sentido, surge como um mecanismo inteligente de financiamento, equilibrando a participação da iniciativa privada com o interesse público.

Quem é do setor, sabe: essa parceria público-privada impulsionará a mobilidade urbana da RMBH e fortalecerá o transporte público como uma escolha cada vez mais vantajosa no Vetor Norte.