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Em defesa do leite brasileiro: por que o grito de Minas não deve arrefecer

Minas vem liderando uma mobilização nacional para salvaguardar a competitividade do setor leiteiro
Em defesa do leite brasileiro: por que o grito de Minas não deve arrefecer
Foto: Erasmo Pereira/ Epamig

O mercado de leite brasileiro passa por uma crise sem precedentes na história recente do País. Tivemos, em meados de 2023, sem nenhum mecanismo de inibição, um recorde de importações no setor, com aumento de mais de 300% na compra de leite em pó do exterior, especialmente de países vizinhos como Argentina e Uruguai. Junto com essa avalanche de importados, um aumento no custo dos insumos e uma redução no consumo interno jogou ladeira abaixo os preços do leite in natura nacional, levando muitos produtores a se endividarem ou mesmo pararem de produzir, rebocando nessa dificuldade, também, as nossas cooperativas.

Em Minas Gerais, maior produtor do Brasil, o estrago foi (e ainda tem sido) proporcional ao peso que o Estado representa na atividade leiteira do País – significativo. Afinal, os mineiros participam com 27,1% da produção de leite nacional. Aqui são produzidos, em média, 9,4 bilhões de litros anualmente, gerando milhares de empregos, segundo dados do IBGE. Pelas cooperativas, passa quase um quarto dessa produção, ou 19,7%, para sermos exatos.

Justamente pelo tamanho de sua fatia nesse bolo, Minas vem liderando uma mobilização nacional, um esforço coletivo de todos os elos da cadeia em busca de apoio para salvaguardar a competitividade do setor. As entidades de classe mineiras, entre elas o Sistema Ocemg, estão sendo protagonistas desse movimento, realizando reuniões com governos e lideranças políticas, abrindo frentes para reivindicar medidas que ajudem a frear as importações.

Nossa arregimentação está surtindo efeito e algumas decisões importantes estão em curso. Já entrou em vigor este ano, por exemplo, o Decreto nº 11.732/2023, beneficiando, com até 50% de créditos presumidos de PIS/Pasep e Cofins, empresas ou cooperativas cadastradas no Programa Mais Leite Saudável. Em março, tivemos o anúncio de uma repactuação das dívidas dos produtores de leite, pelo governo federal. A medida aconteceu logo depois do evento “Minas Grita pelo Leite”, que levou mais de sete mil produtores e cooperativistas ao Expominas, em Belo Horizonte, apoiado por diversas entidades representativas, entre elas, o Sistema Ocemg.

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É de indignar que o Brasil, um dos maiores produtores de leite do mundo, e Minas Gerais, por extensão, venham sofrendo com essa concorrência tão desleal e avassaladora como a que acompanhamos e estamos combatendo, diga-se de passagem. Conseguimos alguns avanços, é verdade. Mas a crise ainda persiste, e o grito do segmento, por esse motivo, não deve arrefecer.

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