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Veja quais são os principais desafios para o comércio exterior em 2024

Veja quais são os principais desafios para o comércio exterior em 2024
Crédito: Divulgação APPA

Em 2024, não faltam desafios e oportunidades para as trocas comerciais do Brasil com o mundo. Será preciso, no entanto, equilíbrio e atenção redobrada para alcançarmos as metas nos próximos 12 meses.

As consequências causadas pela pandemia de Covid ficaram para trás em 2023, mas novas cartas surgem na mesa: novos conflitos internacionais que continuam a influir no contexto dos negócios, governos em início de mandato, corrida presidencial em importantes players. 

China e Estados Unidos se mantêm firmes como os mais importantes parceiros comerciais do Brasil, sendo que a potência asiática ainda garante lugar de destaque, na medida em que influencia positivamente a balança comercial brasileira e a cotação das commodities. 

Entre janeiro e dezembro de 2023, as negociações do Brasil com a China atingiram US$ 157,4 bilhões, alta de 4,8% sobre os US$ 150,1 bilhões realizados em 2022. Já o comércio bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, no mesmo período, somou US$ 74,8 bilhões, valor que indica uma queda acentuada de 15,7% em comparação aos US$ 81,3 bilhões registrados no mesmo intervalo de 2022. 

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Segundo previsão da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), em levantamento divulgado na segunda semana de dezembro, a balança comercial brasileira deve gerar um superávit de US$ 92,7 bilhões em 2024, o que significaria uma redução de 6,5% em relação aos US$ 98,8 bilhões atingidos em 2023. A queda pode ser influenciada, entre outros fatores, por pequenas oscilações nas cotações e nos volumes negociados. 

A AEB estima que as exportações brasileiras devem somar US$ 334,5 bilhões no próximo ano, uma redução de 1,5% em relação aos US$ 339,6 bilhões alcançados em 2023. Já as importações devem evoluir para US$ 241,7 bilhões em 2024, com alta de 0,37% sobre os US$ 240,8 bilhões do fechamento do último ano. 

Ainda no âmbito das negociações, o acordo de livre comércio firmado entre o Mercosul e Singapura na Cúpula do bloco, realizada no início de dezembro, gera expectativas de aumento do fluxo comercial e de intercâmbio de tecnologias. Outro ponto a se acompanhar é a ratificação do Acordo Comercial entre Mercosul e União Europeia (UE), em negociação há mais de 20 anos. Essa resolução pode gerar o maior mercado de livre comércio do mundo, fazendo com que o Brasil tenha acesso preferencial ao mercado dos 27 países membros do bloco europeu. Com isso, a perspectiva é de um substancial ampliação no volume de exportação por parte dos países envolvidos e, por consequência, aumento na geração de empregos. As negociações têm avançado, mas alguns pontos ainda estão pendentes. A próxima agenda de discussões está prevista para fevereiro. 

Mas um fator que deve chamar atenção nos próximos meses são os valores do frete marítimo. Apesar da queda significativa em relação à explosão observada durante a pandemia, os custos ainda não retornaram, em sua totalidade, aos patamares anteriores à proliferação do vírus. Contudo, é preciso continuar atento a fatores que impactam o setor e a estabilidade entre a oferta e a demanda, como eventuais reflexos provocados por indesejadas instabilidades geopolíticas, a situação das potências econômicas, a sobretaxa de combustíveis (insumo que representa 30% do custo dos navios) e os adicionais de portos. Soma-se a isso, a necessidade dos armadores em investirem em uma frota mais sustentável até 2030.  

É preciso reconhecer também que a sustentabilidade do planeta deve gerar desafios e oportunidades para o comércio exterior em 2024. Consulta pública realizada pelo G20 – grupo formado por representantes financeiros das maiores economias do mundo –, entre junho e setembro deste ano, mostrou que as oportunidades para o Brasil estão ligadas ao nosso grande e conhecido potencial na área ambiental. Já os desafios se relacionam aos aumentos de custos gerados por medidas de proteção do clima adotadas por outros países, que eventualmente podem se transformar em barreiras comerciais para o Brasil. O documento do G20 aponta medidas que o país poderia adotar para fazer frente às oportunidades e desafios, como a implementação de um mercado de carbono e a busca pela internacionalização de metodologias brasileiras relacionadas à sustentabilidade. 

Diante desse cenário desafiador, é necessário que mantenhamos, em 2024, o equilíbrio e a atenção redobrada para superarmos eventuais impactos provocados no ambiente geopolítico internacional. Além disso, devemos administrar de maneira eficiente as oportunidades de mercado, as negociações, a governança e a implementação de benefícios ambientais. 

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