Os desafios das empresas de processamento de pagamentos no mercado brasileiro

Com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em US$ 2,13 trilhões em 2023 e uma população de mais de 203 milhões de pessoas, o Brasil está na nona posição no ranking das maiores economias do mundo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Diante dessas características, não é de se estranhar que o País chame a atenção de investidores e empresas do mundo inteiro. Muitas multinacionais estão dispostas a testar o mercado brasileiro. O País possui ainda uma enorme quantidade de consumidores que compram em sites estrangeiros.
Para se ter uma ideia dos volumes que vêm sendo transacionados internacionalmente, de acordo com dados da Receita Federal, as chamadas compras cross-border, ou seja, aquelas realizadas em e-commerces e marketplaces de fora do Brasil, cresceram 150% nos últimos cinco anos. Somente em 2022, mais de 176 milhões de itens foram importados, considerando tributáveis e isentos. Tudo isso sem considerar ainda os dados do crescimento de compras de serviços de streaming, apostas esportivas ou software no exterior. Com todo este potencial, cada vez mais empresas de soluções de pagamentos vêm se instalando em terras brasileiras e em outros países da América Latina.
No entanto, atuar com pagamentos em diferentes locais também traz algumas dificuldades. O grande desafio é a questão da regulação diferenciada para cada país em que operam, o que agrega complexidade e altos investimentos financeiros para que a empresa tenha as mínimas condições de operar em cada mercado. Todos os países apresentam diferentes níveis de burocracia para que um pagamento seja efetuado. Licenças para atuar são o grande entrave em todos os países, garantir as autorizações para atuar em cada mercado é um grande desafio e demanda muita mão de obra especializada, investimentos e tempo.
No caso do Brasil, por exemplo, é possível que uma licença para operar como instituição de pagamentos leve meses ou anos sob avaliação, e o mesmo acontece nas demais localidades da América Latina. A outra questão a ser levada em consideração é o próprio nível de exigência dos consumidores. Atender às novas demandas não é fácil. Os clientes que efetuam suas compras, sejam de serviços ou produtos, buscam cada vez mais velocidade, transparência e segurança em suas transações.
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Para atender a estes requisitos, muitos e-commerces de grande porte, empresas de streaming e software utilizam os serviços de plataformas sólidas e robustas no que tange grandes volumes de transações, terceirizando assim a intermediação dos pagamentos, a fim de garantir maior segurança, confiabilidade e velocidade. No entanto, existem novos players que, devido a instabilidades, muitas vezes acabam não atendendo a estes fatores mínimos, impactando na confiança do consumidor. Isso pode prejudicar o mercado como um todo, já que o cliente pode pensar duas vezes antes de optar por fazer uma compra no exterior. Sendo assim, cada vez mais os países criam legislações específicas e regulações para a proteção do consumidor em relação a fraudes e lavagem de dinheiro.
Na América Latina, por exemplo, cada país possui uma regulação própria, mas todas convergem no sentido de solidificar as transações internacionais determinando requisitos mínimos de operação.
Não é possível, porém, observar apenas o que as leis exigem. É necessário que as próprias empresas de soluções de pagamentos adotem medidas a fim de resguardar a segurança e a transparência para o consumidor, o que, naturalmente, também demanda mão de obra especializada, investimentos financeiros e tempo. Isso é ainda mais importante para as companhias que atuam com o mercado de apostas, em que a incidência de tentativas de fraude é muito superior a uma transação tradicional em um e-commerce.
Portanto, as empresas precisam estar preparadas e à frente dos fraudadores. Os investimentos em tecnologias de KYC (Know Your Customer – Conheça o seu cliente) são gigantescos e concentram grande parte dos recursos da empresa, que tem também o papel de identificar potenciais casos de lavagem de dinheiro. A grande vantagem é que as empresas de transações internacionais que investem nestes diferenciais e processam grandes volumes conseguem atender outros segmentos com uma enorme vantagem competitiva em termos de segurança e transparência para o cliente que comercializa seus produtos e serviços e para o consumidor final.
Em resumo, o setor de processamento de pagamentos no Brasil e na América Latina enfrenta desafios significativos, desde a complexidade regulatória até a necessidade de atender às demandas dos consumidores por segurança e transparência. No entanto, as empresas que investem em soluções tecnológicas avançadas e priorizam a conformidade regulatória têm a oportunidade de se destacar em um mercado em constante crescimento. Com a evolução das legislações e o aprimoramento das práticas empresariais, espera-se que o setor continue a prosperar, oferecendo serviços cada vez mais eficientes e seguros para todos os envolvidos nas transações internacionais.
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