Artigo

Dom Alexandre confrontou atos de violência aos direitos fundamentais nos chamados ‘anos de chumbo’

Há inúmeros relatos sobre as intervenções de Alexandre
Dom Alexandre confrontou atos de violência aos direitos fundamentais nos chamados ‘anos de chumbo’
Foto: Reprodução YouTube

“Dom Alexandre, bom de púlpito e bom de briga.” (Pe. Thomaz de Aquino Prata, de saudosa memória)

Passo a contar agora, outro episódio revelador do desassombro cívico, do saudoso Arcebispo de Uberaba, Dom Alexandre Gonçalves Amaral, ao confrontar ato de violência contra os direitos fundamentais ocorrido nos chamados “anos de chumbo”.

Aconteceu em abril daquele ano. O cenário: a sala da Congregação da Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino, mantida pelas valorosas irmãs dominicanas.

Dois cidadãos arrogantes, jactando-se de representarem o poder revolucionário instalado, pintaram no pedaço, ameaçando céus e terras. Incentivados por um grupo de cavalheiros e madames, neuróticos e histéricos, já naquela época contaminados pelo vírus do “talebanismo”, que fazem fanáticos intuírem em tudo que lhes desagrade e contrarie suas opiniões, a presença de forças do mal, eles foram enfrentados com altivez pelas religiosas, que mandaram chamar o titular da Arquidiocese, fundador da instituição.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Alexandre chegou e foi logo convocando uma reunião, com os inoportunos visitantes, diretoria e professores. Concedeu-lhes a palavra. Com petulância, os recém-chegados acusaram a direção e corpo docente da Escola, como era moda fazer na época, de “subversivos”. Eles iam dando nomes e citando fatos, construindo narrativa delirante e injuriosa, enquanto o Arcebispo ia fazendo anotações.

No final da destemperada catilinária dos porta-vozes do poder discricionário, a palavra voltou a Alexandre para o arremate. E que arremate! Reduzindo conversa: o Arcebispo declarou, alto e bom som, debaixo de aplausos, que não permitiria que desconhecidos, ignorantes de tudo quanto acontecia na Escola, movidos por intuitos desprezíveis, se arrogassem o direito de assacar falsidades e infâmias a respeito da atuação dos profissionais da casa. Apontou-lhes em seguida a porta da rua, por onde haviam entrado com ar de ganhadores de “pole position” e por onde acabaram saindo com cara de favoritos defenestrados em fase classificatória de Copa.

Adiciono a esse registro pertinente depoimento de um sacerdote com admirável folha de serviços à causa apostólica e da educação, Pe. Thomaz de Aquino Prata, que recebeu das mãos de Alexandre as ordens do múnus sacerdotal. “Eu lecionava nas Faculdades de Filosofia de Uberaba e de Uberlândia. Acontece que, para os “revolucionários”, Sociologia era uma espécie de antessala do comunismo. Daí, provavelmente, levantarem-se as iras de meus acusadores.”

Padre Prata conta que se inteirou de uma lista dos “dedo-duros”: “Eram doze, entre os quais primos meus e um sacerdote. Guardo na memória os nomes deles. Já os perdoei. Sei que hoje se envergonham do triste papel que desempenharam”.

Há mais relatos a fazer das intervenções de Alexandre em situações atentatórias à dignidade humana.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas