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A economia vai bem, mas… ‘PIB não enche barriga’

Estratosféricos custos dos alimentos amortecem os efeitos positivos na condução dos negócios no País
A economia vai bem, mas… ‘PIB não enche barriga’
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

“PIB não enche barriga.” (Domingos Justino Pinto).

O governo custou entender que as aflições da gente do povo estão bem mais focadas no mercadinho e no supermercado do que no mercado. Os dados macroeconômicos, bastante razoáveis, proporcionam a ilusória sensação de que tudo estaria correndo nos devidos conformes. Não está. É preciso desfazer essa impressão.

A economia vai bem, mas o povo, nem tanto, como costumava dizer personagem dos sombrios tempos autoritários, cujo nome muitas pessoas só se aventuram a declinar depois de se persignarem 3 vezes seguidas.

Os estratosféricos custos dos alimentos amortecem os efeitos positivos na condução dos negócios. Ei-los: crescimento expressivo do PIB, redução recorde da taxa de desemprego, superávit na balança comercial, aumento da produção industrial, safras abundantes e demais avanços obtidos como fruto do labor das forças vivas da nação. Isso tudo perde substância, na percepção dos chefes de família quando se deparam com as impactantes diferenças, de uma compra para a outra, nos preços dos produtos expostos nas gôndolas.

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Se a avaliação do governo acusa queda de popularidade nas pesquisas, essa situação decorre, certeiramente, em boa parte do indesejável custo de vida enfrentado nas pelejas cotidianas. O que ocorreu, recentemente, na campanha eleitoral nos EUA, evidencia o peso do custo de vida nas decisões das urnas. A derrota de Kamala Harris é preponderantemente atribuída ao desagrado da população quanto à espiral crescente dos preços. Coisa mais indigesta, convenhamos, é a verificação de déficit, nas contas domésticas, no final do mês, por causa de majoração nos preços dos gêneros de primeira necessidade! Os esplêndidos números das atividades econômicas em geral, reconhecidos pelos analistas, não tiveram o condão de desfazer o desaponto dos eleitores estadunidenses com relação à carestia.

Os responsáveis pelas políticas econômicas e sociais do governo brasileiro vêm dando tratos à bola para definir medidas que reduzam o mal-estar causado pela galopante tendência altista. Acreditam que os prenúncios de colheitas fartas estejam apontando na direção do declínio de custos dos alimentos no varejo, dentro em breve. Oxalá isso aconteça! Café a sessenta reais o quilo é o fim da picada…

Forçoso reconhecer, de outra parte, que a inflação dos alimentos e outros produtos de subsistência não representam elemento isolado no rol das preocupações das ruas quanto aos fatores detectados na conjuntura política, econômica e social. Embora sendo o item de maior relevância no contexto dos dissabores comunitários, ele se faz acompanhar por outras situações igualmente perturbadoras. Caso, por exemplo, para anotar um único fato a mais, da chamada “farra das emendas parlamentares”, até aqui desprovidas da transparência e rastreabilidade que o bom senso e a ética aconselham.

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