Epicentro do café, Minas tem iniciativas para agregar mais valor ao produto; conheça algumas

O café é mais do que uma simples bebida para milhões de brasileiros. Além de ser uma paixão nacional, o café desempenha um papel crucial na economia do Brasil, particularmente em Minas Gerais, o maior produtor do País, responsável por mais de 50% da produção nacional, com 29 milhões de sacas produzidas nos primeiros meses de 2024.
Se compararmos com o Espírito Santo, estado brasileiro que ocupa a segunda posição no ranking com 15 milhões de sacas produzidas, Minas Gerais produz duas vezes mais, abastecendo mais de 89 países em todo o mundo. E pasmem! O Vietnã, segundo país no ranking global de produção cafeeira (atrás do Brasil), produziu pouco mais de 30 milhões de sacas na safra 2023/2024, o que colocaria o estado, se fosse um país, na terceira posição mundial em produção de café, segundo dados do Usda (United States Department of Agriculture).
E apesar desses números, a indústria cafeeira mineira parece querer mais. Movimentos e iniciativas voltadas para transformar o café de uma commodity em um produto de maior valor agregado são urgentes e necessários! Esses esforços visam agregar valor ao café mineiro, diferenciando-o no mercado global e permitindo que produtores e empresas capturem uma fatia maior do valor final. Alguns desses movimentos incluem:
Cafés Especiais e Gourmet: uma das tendências mais significativas tem sido o crescimento da demanda por cafés especiais e gourmet. Esses cafés são produzidos com maior cuidado em termos de seleção de grãos, métodos de cultivo sustentável, colheita, processamento e torrefação. O exemplo da região de Patrocínio, no Triângulo Mineiro, por meio da Expocaccer, uma das maiores cooperativas do Brasil, que investiu em inovação por meio do manejo biológico, resultando na melhor qualidade de seus grãos, já foi reconhecido pelo mercado americano, que no início de 2024, anunciou seu primeiro hub internacional de negócios, em Lewes, no estado americano de Delaware, para potencializar ainda mais suas exportações para a América do Norte.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Certificações de qualidade e sustentabilidade: certificações como o Certificado de Produto Orgânico (CPO), Certificado de Produto Sustentável (CPS), Fair Trade e Rainforest Alliance têm ganhado destaque no mercado global. Essas certificações garantem aos consumidores que o café foi produzido de maneira sustentável e ética, o que agrega valor ao produto final e abre portas para mercados mais exigentes. Estes selos já fazem parte dos principais cafés de Minas, preponderantes à crescente exportação do produto para diversas partes do globo terrestre.
“DNA do café”: os consumidores estão cada vez mais interessados na origem e na história por trás dos produtos que consomem. Como resposta, empresas e cooperativas mineiras têm adotado sistemas de rastreabilidade que permitem acompanhar o caminho do café, desde a fazenda até a xícara. Isso não apenas aumenta a confiança do consumidor, mas também agrega valor ao café ao destacar sua história, proveniência, qualidade, sua raiz.
Inovação e Diversificação de Produtos: além do café em grão, o mercado tem visto uma crescente diversificação de produtos derivados do café, como as famosas cápsulas, por exemplo, que curiosamente possuem na Suíça e na Alemanha as maiores indústrias do mundo na fabricação desses produtos. E de onde vem a maior parte do café delas? Do Brasil! De Minas Gerais! E os suíços descobriram Minas! No final de 2023, a Mocoffee, uma das maiores indústrias europeias de fabricação de cápsulas de café, anunciou investimento na ordem de R$ 20 milhões de no município de Varginha, no Sul do Estado, para sua primeira fábrica fora da Europa. E, além disso, um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias será implantado.
Todos esses movimentos da indústria mineira refletem uma mudança de paradigma no mercado de café brasileiro, onde o foco está cada vez mais na qualidade, sustentabilidade e diferenciação, em vez de simplesmente competir com base no volume e no preço da commodity. Essas estratégias têm o potencial de elevar o café brasileiro a um patamar de excelência no mercado global, proporcionando benefícios tanto para produtores quanto para consumidores, gerando ainda mais empregos de qualidade, mais renda e contribuindo para que o café mineiro seja o café do mundo, aliás, o melhor café do mundo!
Ouça a rádio de Minas