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A escassez de profissionais e o trabalho como fator de sucesso

Alguns economistas e/ou especialistas atribuem as dificuldades de contratação aos programas governamentais de transferência de renda
A escassez de profissionais e o trabalho como fator de sucesso
Crédito: Pedro Ventura / Agência Brasil

Uma questão tem tirado o sono de diretores de empresas e gestores da área de recursos humanos: a falta de mão de obra. Com a recuperação econômica no pós pandemia, esse tem sido um grande entrave às companhias de diversos setores, notadamente do varejo. Alguns anos atrás, a preocupação era encontrar “profissionais qualificados”. Mas, agora está difícil contratar pessoas mesmo sem experiência. Segundo as próprias empresas, não é preciso reunir mais do que quatro redes supermercadistas para somar 5 mil vagas para início imediato, e não aparecem candidatos. A grande pergunta é: onde estão os 8,5 milhões de pessoas desempregadas, segundo a Pnad Contínua, do IBGE?

Muito se ouve que “o varejo precisa se reinventar” para conseguir contratar colaboradores. Mas essa reinvenção já é diária no setor, frente às novas exigências do consumidor. Há segmentos que conseguiram soluções, como o agronegócio, que resolveu, em parte, a falta de pessoas, com mecanização e tecnologia. Mas são situações diferentes: o varejo tem amplo uso da tecnologia nos processos, porém, o atendimento é essencialmente por gente. O varejo é a ponta, o contato com o cliente para a melhor entrega possível de toda a cadeia produtiva.

Alguns economistas e/ou especialistas atribuem as dificuldades de contratação aos programas governamentais de transferência de renda. Para outros, as causas são o comportamento da geração Z; jovens focados nos estudos; a preferência pelo teletrabalho e as possibilidades de virar “celebridade” no universo das mídias digitais.

Sem tomar partido de nenhuma opinião, creio que seja necessário valorizar mais a mentalidade para o trabalho, para o desenvolvimento pessoal e profissional, especialmente nos jovens. Comecei a carreira profissional aos 14 anos, num atacadista de tecidos. Lá, permaneci por 11 anos até concluir a faculdade de Psicologia. Quando me formei, atuei como professor universitário, depois ingressei na área de recursos humanos, no setor de supermercado e nunca me desconectei por completo desse meio. Trabalhei também no futebol profissional e no esporte especializado. É incontável o número de pessoas com quem contribuí para desenvolver profissionalmente e hoje são executivos no mercado ou empresários de sucesso. Mas, para isso, é preciso entender o processo, o trabalho como caminho para o desenvolvimento profissional e pessoal. É preciso chegar à entrevista de emprego e não avaliar apenas o salário inicial, mas os objetivos de vida, vontade de crescer e fazer carreira. E os supermercados oferecem essa oportunidade.

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Como psicólogo, avalio que um emprego formal é mais que o salário. É bem-estar mental, é o início da concretização de sonhos, é ascensão profissional, pessoal e social. De posse do cargo, é preciso fazer bem-feito, ter paixão pelo que faz e, assim, tudo vai conspirar a favor. Gosto de usar em minhas palestras uma frase do eterno Ayrton Senna, que diz: “Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá”.

Por isso, eu insisto na valorização da disciplina, do trabalho e vontade de crescer. Grandes talentos sonham com o sucesso e poucos chegam lá. Sabe por quê? Porque querem o topo, mas se esquecem do processo para chegar lá. Lanço mão aqui de mais uma frase de outro grande campeão, o técnico de vôlei Bernardinho: “Não existem atalhos para o sucesso, mas o trabalho intenso é a estrada mais curta.”

É essa mensagem que deixo, sobretudo aos jovens, mas a todos, não importa a idade, que tenham ideais de conquistas. Não se apeguem apenas à renda que tenham no momento, não desistam nas primeiras dificuldades, nas primeiras portas fechadas. A vida é assim. Isso é parte do processo, não importa em que área esteja. Esse é o caminho pelo qual, de alguma forma, você vai chegar lá.

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