O que esperar do 2º mandato de Trump?

As eleições nos Estados Unidos mostraram uma vitória forte de Donald Trump, que cresceu em quase todos os estados. Isso mostra uma insatisfação forte do eleitorado com os democratas. Sem entrar no mérito do processo político e das preferências dos eleitores, quero explorar as consequências de curto, médio e longo prazos do 2º mandato de Trump.
No curto prazo, as bolsas nos EUA devem subir, não só pelo efeito de ter eliminado uma incerteza, mas também pela percepção de que os republicanos são mais pró-mercado, e propostas, tais como a taxação de bilionários terem sido afastadas.
Também devemos ver um realinhamento geopolítico na medida em que a Europa e o chamado “eixo ditatorial” reagem ao novo mandatário dos EUA.
Trump quase certamente irá apoiar Israel contra o Irã, apesar de se sentir ressentido de que Netanyahu não o apoiou em 2020 quando ele contestou o resultado das eleições. EUA e Israel são aliados, e uma boa parte do congresso nos dois partidos apoia Israel.
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Em relação à China, Trump se colocará como um antagonista e continuará a estimular os movimentos de saída industrial da China. Claro que sua preferência será a de trazer uma parte da indústria de volta para os EUA, mas na prática, boa parte irá se instalar no ocidente, mas fora dos EUA.
A Europa continuará a ter atritos crescentes com os EUA na medida em que Trump a vê como uma aliada fraca, e parcialmente uma competidora dos EUA, o que forçará a Europa a avançar mais rápido nos processos de transição energética e rearmamento para depender menos dos EUA.
A grande incógnita fica por conta da relação com a Rússia e Ucrânia. Trump tem uma boa relação com Putin, mas é pragmático o suficiente para saber que não pode deixar a Rússia destruir a Ucrânia. Zelensky também é pragmático para saber que terá de se aproximar de Trump caso queira continuar a ter o apoio dos EUA.
O resultado final pode variar muito, desde um congelamento das linhas de frente, até mesmo os EUA forçando a Rússia a se retirar de parte da Ucrânia em troca de apoio econômico.
No médio prazo, as políticas econômicas do Trump são isolacionistas, mas serão a continuação do processo de desacoplagem da China e dos EUA. Isto deve gerar inflação por um lado, mas deve gerar mais empregos por outro, tanto nos EUA quanto na América Latina. Uma aproximação com a Argentina, Paraguai e Uruguai é muito provável. O Brasil ficará de lado enquanto o nosso governo não adotar uma postura mais pragmática.
No longo prazo, a vitória forte dos republicanos indica que os democratas têm um problema grave de agenda e de sucessão. Eles não souberam criar um sucessor para a dupla Obama-Biden e acabaram tentando emplacar Kamala Harris, que sempre se soube que era uma candidata fraca.
Os republicanos, por sua vez, têm diversos políticos bem posicionados para substituir Trump dentro de quatro anos.
É possível que tenhamos um período longo com os republicanos no poder e isso vai forçar os democratas a se reinventarem, o que não será nem simples e nem rápido.
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