Etarismo no recrutamento reflete cultura corporativa e mindset das empresas

Com o aumento da expectativa de vida e o adiamento da aposentadoria, ignorar profissionais maduros pode ser um erro estratégico, mas, infelizmente, ainda é uma prática comum no mercado de trabalho. Muito se fala sobre etarismo nos processos seletivos de forma genérica, mas pouco se discute sobre a cultura corporativa e o mindset das empresas que ainda praticam esse comportamento discriminatório. Em muitos casos, há uma crença equivocada de que a idade mais avançada pode limitar o ímpeto inovador da organização. O pensamento comum é o de que profissionais com mais experiência seriam, consequentemente, mais “engessados” ou até mesmo desatualizados frente às novas tendências e tecnologias.

A realidade, no entanto, é bem diferente. Como headhunter, convivo diariamente com profissionais 50+ extremamente atualizados, com energia, visão de futuro e uma disposição invejável para aprender e se reinventar. Ao mesmo tempo, também encontro jovens sem brilho no olhar, acomodados e com pouca iniciativa para se atualizar ou expandir seus conhecimentos.

O ponto central aqui é: a idade não define a capacidade de evolução de ninguém. O que define é a postura, o comprometimento com o próprio desenvolvimento e a vontade de seguir crescendo, independentemente da fase da vida.

Empresas com visão estratégica já entenderam isso. Elas avaliam talentos com base em competências reais e valores compatíveis com sua cultura organizacional, e não em um número no RG. Outras, infelizmente, seguem presas a estereótipos que só empobrecem a diversidade e limitam o potencial da equipe.

Se você já foi descartado de um processo seletivo ou preterido em uma promoção por conta da sua idade, deixo aqui uma provocação: o problema está em você ou na empresa? Assuma a responsabilidade pelo seu desenvolvimento. Busque estar em ambientes que te respeitam e reconhecem seu valor e, se for preciso, mude. Recomece. Evolua. Sempre.