Expansão histórica da mineração brasileira exigirá boa gestão

A mineração brasileira, uma das maiores do mundo, vai engatar a “tração 4×4” e acelerar. Uma gigantesca onda de investimentos, já iniciada, colocará o setor em um ritmo frenético de expansão nos próximos anos. Esta deverá ser uma fase histórica de crescimento do setor, consolidando o País como um dos maiores fornecedores globais dos minerais necessários para a transição tecnológica e energética que orientam o desenvolvimento do mundo hoje. Lítio, níquel e um conjunto de elementos químicos agrupados genericamente sob o nome de “terras-raras”, são a bola da vez no mundo da mineração, para ficar em alguns poucos exemplos.

Joaquim Levy, ex-ministro da economia e hoje diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, calcula que o montante de investimentos no setor nos próximos 10 anos chegará a R$ 2 trilhões. Você leu certo: R$ 2 trilhões. O setor já está se movimentando. A Meteoric Resources vai investir R$ 1,66 bilhão em um projeto de terras-raras em Minas Gerais.

O Estado ainda receberá R$ 1,5 bilhão da Itaminas, em uma mina de ferro, e R$ 1,45 bilhão da Lithium Ionic, em uma operação de lítio, e outros R$ 1,35 bilhão da Viridis, no campo das terras-raras. Estes são apenas alguns exemplos de novos investimentos enumerados no mês de outubro pela newsletter Notícias da Mineração.

Os números impressionam e apontam para um novo mundo de oportunidades para o setor e para o País, que já é hoje um dos principais fornecedores mundiais de minérios e cujo território reúne uma das maiores reservas minerais do planeta, incluindo quase toda a tabela periódica.

Porém, tais possibilidades implicam grandes responsabilidades. Desastres recentes (e dolorosamente muito próximos dos brasileiros) mostram que a demanda em larga escala não pode abrir espaço para a exploração sem governança. Boa gestão, portanto, torna-se essencial.
A mineração é uma atividade que gera riqueza, empregos, desenvolvimento, mas também muda o meio ambiente e a geografia social da área ou região onde ela acontece. A pressão da sociedade e dos governos para uma atividade mais sustentável já se faz presente. Se por um lado, a dimensão dos impactos da exploração mineral depende do posicionamento ético e estratégico das mineradoras, por outro a atividade pode ser mais eficiente, mais produtiva e menos poluente se mais bem administrada.

Tudo isso exige uma tomada de decisão estratégica: as mineradoras devem aproveitar o bom momento e investir agora na boa gestão de suas operações, com modernas ferramentas de controle, softwares dedicados ao setor, tecnologia de comunicação on-line, entre outras. A mineração do futuro não poderá prescindir dessa escolha.