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Falando de tensão e de distensão

Conflito entre os Estados Unidos e a Venezuela, retirada das sanções ao ministro Alexandre de Moraes e decisão controversa do governo mexicano
Falando de tensão e de distensão
Embarcação da guarda costeira da Marinha venezuelana opera na costa do Caribe | Foto: Juan Carlos Hernandez / Reuters

“O Brasil sempre estará disposto a atuar como um elemento de promoção da paz” (Mauro Vieira, Ministro do Exterior)

1) A concentração no Caribe do mais poderoso contingente militar já visto nas referidas paragens, ocasionada pela crescente tensão entre EUA e Venezuela, gera fundados temores em toda América quanto à eclosão de um conflito armado. Entre outras aterrorizantes consequências, o fato pode produzir um êxodo incontrolável dos venezuelanos, afetando seriamente todas as nações do continente. A diplomacia brasileira vem defendendo saída negociada para a contenda, posição compartilhada pelos demais países da região. Tem-se como certo que a questão aflorou no diálogo recente entre Lula e Trump. Os anseios expressos em favor da paz não traduzem, definitivamente, o mais leve vislumbre de apoio ao caudilho de Caracas, Nicolas Maduro, reconhecidamente um inimigo da democracia. Cabe registrar, a propósito, que os EUA e Venezuela mantêm ligações próximas no tocante à exploração de petróleo. O país sul-americano é detentor da maior reserva mundial do produto.

Segundo o “New York Times”, negociações secretas estariam em curso entre Trump e Maduro. A pauta das conversações envolveria a participação mais ampla de empresas estadunidenses na exploração petrolífera. Outra informação de bastidor, também estampada na impressa, afirma que Maduro poderia deixar o poder, refugiando-se em Belarus, próximo à Rússia. Seja como for, o desfecho da indesejável crise pode acontecer a qualquer momento.

2) Afinal, um lampejo de bom senso. Como fruto do proveitoso diálogo que vem sendo conduzido entre o Planalto e a Casa Branca, o dirigente norte-americano retirou as absurdas sanções impostas ao ilustre Ministro Alexandre de Moraes e esposa no auge da crise produzida pelas “tricas e futricas” por maus brasileiros foragidos da lei. Muito bem recebida pela opinião pública brasileira, a decisão teve o mérito de desanuviar consideravelmente o clima de desassossego gerado a partir do anúncio das sobretaxas. Pouco antes os entendimentos em curso já haviam proporcionado reduções na carga fiscal dos produtos exportados. No ver de qualificados observadores e de experimentados negociadores do Itamaraty, a eliminação de todas as outras descabidas restrições está para acontecer em breve.

3) Pressionado pelos Estados Unidos de Trump, o México tomou a decisão de sobretaxar os produtos estrangeiros que entram no país. A deliberação projeta amarga sina, assim definida por Porfírio Dias, ex-presidente mexicano: “Pobre México! Tão longe de Deus, tão perto dos EUA!”.

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