O fenômeno da expansão das favelas no Brasil e a industrialização no País

Em um país onde 1% da população concentra 28,3% da renda, com uma das maiores desigualdades mundiais, parece absolutamente normal que quase 16,4 milhões de pessoas moram em favelas no Brasil, conforme o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (8) A proporção de habitantes das chamadas comunidades urbanas é altíssima, chegando a 8,1% da população de 203 milhões de pessoas. São 12.348 favelas concentradas nas capitais e grandes cidades de 656 municípios.
O fenômeno da expansão das favelas pelo País está diretamente ligado ao processo de industrialização que foi acelerado no Brasil em meados do século passado, resultando em um intenso êxodo rural. Camponeses humildes se iludiram ao acreditar que encontrariam melhores condições de vida e trabalho nos grandes centros urbanos.
Em Belo Horizonte, assim como em outras capitais, salta aos olhos o contraste social entre os aglomerados de barracos e os opulentos edifícios de luxo, muitas vezes vizinhos uns dos outros. Hoje, a opção de muitas pessoas em morar em favelas não é apenas por questões financeiras. Muitos de seus moradores poderiam perfeitamente se mudar, mas preferem viver dentro de uma comunidade onde há ainda alguma solidariedade e amizade do que ter vizinhos como inimigos em bairros com melhor infraestrutura urbana.
Os habitantes das comunidades enfrentam muitos preconceitos na sociedade, que os associam com a criminalidade. Na verdade, a grande maioria dos moradores de favelas é formada por cidadãos honestos e trabalhadores, que são extorquidos por milícias e vivem sob o domínio de poderosos traficantes de drogas e organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
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Por outro lado, o empreendedorismo está em ascensão nas favelas brasileiras. No Rio de Janeiro, quase 40% das pessoas que moram em comunidades trabalham por conta própria. Os negócios particulares, em sua grande maior informais, representam a principal fonte de renda de 23% das pessoas consultadas em uma pesquisa recente do Instituto Data Favela.
Cerca de 60% não possuem inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), exigida pela Receita Federal para a abertura da empresa. Entretanto, a capacidade de mobilização das comunidades vem rendendo bons negócios por meio da realização de eventos batizados de Expo Favela em diversas cidades, inclusive Belo Horizonte, reunindo uma gama enorme de empreendedores dos aglomerados.
As profundas contradições são características marcantes do Brasil, desde o início de sua colonização pelos portugueses. O crescimento econômico e a inclusão social das favelas fazem parte do contexto de um país multirracial, ainda em busca de uma identidade.
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