Festival de besteiras que assola o País está ativo em muitos lugares
 
                            “Pessoas formidáveis, incríveis, magníficas.” (Trump, no auge da “química” em encontro com chefes de Estado)
Para quem não sabe, ou já esqueceu, Febeapa quer dizer Festival de Besteiras que Assola o País. A sigla foi inventada pelo apreciado cronista Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislau Ponte Preta, e muito empregada nos anos de chumbo para descrever situações e atos insólitos, muitas vezes beirando o surreal, servindo também para ludibriar os censores nas críticas aos poderosos de plantão.
Este nosso mundo velho de guerra tem oferecido, na hora atual, condições propícias para a disseminação dos Febeapas.
Os Estados Unidos vêm incrementando, em escala desmesurada, a prática do festival. Vejamos: Trump, candidato dele próprio e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ao Prêmio Nobel da Paz — por conta das guerras a que, segundo ele, “pôs fim” — anunciou a intenção de lançar, no ano vindouro, no aniversário da independência estadunidense, uma moeda contendo a própria efígie, com o punho erguido em gesto triunfal.
Convocou, dias atrás, uma reunião numa base das Forças Armadas, com os oficiais-comandantes de todas as unidades dentro e fora dos EUA, para divulgar novas instruções de conduta na caserna. Aos responsáveis diretos pelas ações do complexo militar mais poderoso de nossa aldeia global foi recomendado solenemente que se precavessem contra os excessos de peso corporal, “por não ficar nada bem para o militar consciente exibir barriguinha de aposentado”.
Outra dele: num único domingo, em 2.600 atos públicos espalhados por cidades norte-americanas, milhões de cidadãos protestaram contra os rumos autoritários do governo. Nos meetings, os participantes carregavam cartazes com os dizeres “No King”.
No dia seguinte, nas redes sociais, o “rei”, irado com o comportamento dos indisciplinados “súditos”, estampou uma imagem produzida por IA em que se via o ocupante da Casa Branca, com coroa na cabeça, lançando de uma aeronave sobre os manifestantes petardos de “excrementos humanos”. Ora, veja só! Onde já se viu, em qualquer tempo da história, uma babaquice de tamanha envergadura?
Numa cidade balneária do Egito, discursando para chefes de Estado e outras personalidades, a propósito do “final da guerra” em Gaza, Donald Trump fez questão de usar a retórica mais bajulativa já ouvida em qualquer canto do mundo. Todos ali eram pessoas “incríveis”, “fantásticas”, “magníficas”, “espetaculares”, “soberbas” — e por aí foi. A “química”, ou “petroquímica”, como já se diz agora, atingiu o clímax.
O Febeapa argentino, produzido obviamente por Milei, consistiu em uma cantoria pública durante a campanha eleitoral de seu grupo de rock, que tem o sugestivo nome de “Rock Pornô”.
A frase “os traficantes são vítimas dos usuários”, proferida pelo presidente Lula durante visita à Malásia, também se incorpora, sem dúvida, ao nosso Febeapa nacional.
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