Fraude do INSS faz do Brasil o país do faz de conta

O episódio mais grave relacionado à apuração das fraudes no INSS não decorre apenas dos crimes em si, mas da conduta inaceitável de quem deveria zelar pela lisura e controle dos atos administrativos. Há poucos dias, veio a público uma informação estarrecedora: um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), ciente das irregularidades constatadas em auditoria, suprimiu por seis vezes consecutivas a inclusão do relatório na pauta de julgamento, impedindo a análise do caso pelo colegiado. Caso a matéria tivesse sido apreciada em tempo oportuno, o Estado brasileiro poderia ter evitado um prejuízo superior a R$ 2 bilhões.
Mais grave ainda é o fato de que esse mesmo ministro, após a divulgação da manobra, alterou completamente sua posição anterior — antes amplamente fundamentada — apenas para manter-se como relator do processo.
O pior é o mesmo ministro estar envolvido em outros escândalos como foi o caso do escritório de lobby de seu filho.
Causa perplexidade o silêncio institucional diante de fatos dessa gravidade. Até o momento, não se tem notícia de qualquer providência por parte da Polícia Federal, até mesmo com sua eventual prisão, tampouco do Ministério Público. Pior: já circulam informações de articulações para “estancar” o escândalo e evitar o aprofundamento das investigações, possivelmente porque o avanço das apurações poderia atingir outros integrantes da Corte.
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É triste constatar que o Brasil segue refém de uma estrutura de poder corroída, onde autoridades encarregadas de fiscalizar os recursos públicos, em vez de protegerem a sociedade, se comportam como cúmplices do desvio. A sociedade brasileira merece explicações e, sobretudo, justiça. O que estamos assistindo não é apenas um desvio ético — é a institucionalização do crime dentro das instituições.
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