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Fraudes em empresas de capital aberto trazem riscos ao investir em ações

Recentes casos das Americanas e Magalu alertam para a questão
Fraudes em empresas de capital aberto trazem riscos ao investir em ações
Crédito: Ana Carolina Dias

Fraudes em empresas de capital aberto são noticiadas periodicamente e sempre acompanhadas de perdas aos investidores, não somente representados por corretoras, bancos ou donos de grandes fortunas, mas também pelo cidadão comum que investe no mercado de ações.

De acordo com a B³, em março de 2024, existiam 3,8 milhões de pessoas físicas investidoras do mercado de ações totalizando R$ 369,7 bilhões.

Acompanhamos notícias recentes como o da “Americanas”, que fraudou seus resultados em R$ 25 bilhões. A “Magalu” também noticiou inconsistências contábeis de R$ 830 milhões. Mas estes fatos não são novos. Em 2010, o Banco Panamericano fraudou seus balanços em R$ 1,5 bilhão. Sempre, com perdas aos acionistas.

O ACFE, sigla em inglês para a Associação dos Examinadores Certificados de Fraude, é uma organização global com mais de 90 mil profissionais de auditoria espalhados em 190 países.

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Em seu anuário de 2024 são trazidos dados estatísticos originados de estudos de fraudes reais que causaram R$ 16 bilhões em perdas; alguns pontos são interessantes: 

5% do seu faturamento das empresas é perdido em fraudes; 

43% das fraudes são descobertas por denúncias, 80% de empregados ou fornecedores;

Operações, Contabilidade e Vendas é onde se identificam mais casos.

O relatório anual de 2023 da Transparência Internacional demonstra que o Brasil vem ano após ano caindo neste ranking, indicando que ambiente de negócios aqui é cada vez mais suscetível a corrupção.

É notável que quando o mercado analisa empresas para investir, vemos enorme foco em resultados, margens e projeções, mas não se fala muito de Governança, e uma forma de avaliar a governança e linhas de defesa nas empresas é através dos Formulários de Referência disponibilizados nos sites de Relações com Investidores e na CVM, são relatórios anuais e obrigatórios que permitem ampla visão das estruturas de defesa e Governança das companhias.

É recomendável ainda algumas pesquisas adicionais:

1) Os profissionais que lideram estes departamentos (Auditoria, Compliance, Riscos) têm qualificação adequada?

2) Estes departamentos são independentes e ligados ao Conselho?

3) Os Comitês de Auditoria possuem membros qualificados e independentes?

4) Estes departamentos são auditados periodicamente por empresas independentes?

5) Os canais de denúncias são independentes?

As respostas às perguntas acima podem trazer interpretação pessoal do investidor ao nível de confiabilidade das linhas de defesa dessas companhias. Portanto, para ter mais segurança ao investir em ações, é recomendado avaliar além de resultados e perspectivas, mas também a Governança e Linhas de Defesa das empresas.

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