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O grafite como marca de identidade cultural das cidades

O grafite é um poderoso meio de expressão que contribui significativamente para a formação e reforço da identidade cultural das cidades
O grafite como marca de identidade cultural das cidades
Foto: Fábrica de Graffiti / Divulgação

As artes urbanas, especialmente o grafite, são poderosos meios de expressão que contribuem significativamente para a formação e reforço da identidade cultural das cidades. Em diversas metrópoles brasileiras, e até em pequenas cidades, obras emblemáticas demonstram como essa forma de arte se transforma em marcos culturais, influenciando o sentimento de pertencimento dos moradores e atraindo visitantes.

No bairro Vila Madalena, em São Paulo, o Beco do Batman é um exemplo de como um espaço antes marginalizado pode ser transformado pela arte. Esta galeria a céu aberto é uma representação da efervescência cultural paulistana. Desde a década de 1980, quando Zé Carratu, o coletivo Tupinãodá e Alex Vallauri iniciaram com o grafite do super-herói que deu nome ao local, até hoje, quando as obras são renovadas periodicamente por outros artistas, o Beco do Batman reflete a dinamicidade da cidade, atraindo turistas e moradores. Suas ruas, agora fechadas para carros, estão repletas de bares que fazem do local um ponto de encontro cultural.

Os irmãos grafiteiros Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos, criaram uma conexão única com São Paulo e, posteriormente, conquistaram reconhecimento internacional. Crescendo em um bairro vibrante como o Cambuci, começaram a grafitar na adolescência e, com seu estilo inconfundível, tornaram-se ícones da arte urbana. No Parque do Ibirapuera, a fachada do Museu de Arte Moderna (MAM) exibe desde 2010 um mural dos Gêmeos, atraindo a atenção de todos que passam por ali.

Em Minas Gerais, os grafites de Kaká Chazz, conhecido como o “semeador de arte”, estão espalhados por diversas cidades do mundo, especialmente na África. Suas obras, sempre acompanhadas de sementes desenhadas, simbolizam o crescimento da arte dentro das comunidades. Em Varginha, suas criações se destacam como parte da paisagem local.

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Em João Monlevade, pude acompanhar a transformação do olhar de uma comunidade ao levar, em 2021, um grupo de artistas para grafitar uma empena de 18m x 50m no centro industrial da cidade. Durante dois meses, moradores curiosos e maravilhados assistiram à criação da obra, que se tornou um ponto turístico, colorindo o cotidiano cinza da cidade. Iniciativas semelhantes foram realizadas em várias outras cidades do país, como Barra Mansa (RJ), Diadema (SP) e Joinville (SC), trazendo leveza e cor para ambientes industriais.

O grafite se tornou um elemento vital na construção da identidade cultural urbana brasileira, refletindo as características e dinâmicas das cidades. Suas formas e cores falam de pessoas e suas realidades, e transformam o cotidiano em momentos de reflexão e contemplação.

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