Inteligência artificial na indústria promete otimização e ganhos na produtividade

A inteligência artificial (IA) é, sem dúvida, o tema do momento. Promessas de otimização, ganhos de produtividade e inovação sem precedentes colocam a tecnologia no centro das estratégias de qualquer setor. Para a indústria brasileira, no entanto, a jornada para colher os frutos da IA passa, primeiro, por uma etapa fundamental e inadiável: a digitalização.
A boa notícia é que temos avançado. Uma pesquisa recente da TOTVS, o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT), mostra que o setor de manufatura brasileiro elevou seu índice de 0,52 para 0,71 (em uma escala de 0 a 1) de 2019 para 2024, impulsionado em grande parte pela aceleração digital forçada pela pandemia. Contudo, quando olhamos para o chão de fábrica, a realidade ainda mostra um longo caminho a percorrer.
O grande desafio é que a IA precisa de dados para funcionar. E não qualquer dado, mas dados estruturados, digitalizados e confiáveis. Hoje, apenas 18% das indústrias brasileiras utilizam sistemas de planejamento avançado de produção (APS) e somente 30% implementaram sistemas de execução de manufatura (MES) para coletar dados automaticamente das máquinas, segundo o IPT. Sem essa base, a implementação de uma IA eficaz é como construir um telhado sem antes ter as paredes da casa.
Observamos um grande interesse do mercado, especialmente com o avanço da IA Generativa, mas também um desconhecimento sobre como aplicá-la. Muitos executivos buscam a inteligência artificial como uma solução mágica, sem antes identificar claramente quais problemas de negócio desejam resolver. O primeiro passo não é contratar uma ferramenta de IA, mas sim olhar para dentro e perguntar: “Onde estão meus maiores gargalos? O que eu preciso otimizar?”.
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Além do desafio da base de dados, duas preocupações são centrais na implementação da IA: a segurança e as pessoas. A segurança dos dados é crucial, pois informações sensíveis do chão de fábrica não podem estar vulneráveis, e neste sentido, o uso da nuvem é primordial.
Quanto ao temor sobre o impacto nos empregos, é natural, mas vejo a questão por outra ótica. A IA não vem para eliminar postos de trabalho, mas para transformar a forma como trabalhamos. Assim como a internet, que inicialmente gerou receio e hoje é uma ferramenta que criou novas profissões e possibilidades, a IA permitirá que as equipes operacionais se dediquem a tarefas mais estratégicas, focadas em melhoria e inovação, em vez de apenas no trabalho transacional.
A indústria brasileira está em um momento de virada cultural. A disposição para discutir e implementar novas tecnologias nunca foi tão alta. Os setores de consumo, automotivo e de equipamentos pesados já saíram na frente, movidos pela necessidade de produzir mais com menos, mas os ganhos potenciais se estendem a toda a manufatura, da linha de produção ao marketing e à logística.
A mensagem para as indústrias que iniciam sua jornada é clara: a transformação é inevitável. A inteligência artificial vai trazer o amadurecimento que falta na digitalização, mas é preciso fazer a “lição de casa”. Comece investindo na digitalização da operação, identifique os problemas que realmente precisam ser resolvidos e, acima de tudo, prepare suas equipes para essa nova forma de trabalhar. As empresas que se adaptarem mais rapidamente não vão apenas sobreviver, mas liderar o futuro da indústria nacional.
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