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Justiça dos EUA versus Trump

Instância judicial reconheceu a ilegalidade das decisões relativas ao tarifaço imposto pelo presidente norte-americano
Justiça dos EUA versus Trump
Foto: Leah Millis/Reuters

“Trump está demolindo a imagem dos EUA”– (Jornalista Eliane Cantanhêde)

Trump, sempre ele. Vem esfacelando, com suas canetadas, a ordem mundial. Justificam-se perfeitamente os temores de que seus atos possam produzir consequências mais graves no contexto geopolítico. Emerge desta evidência o desejo, mundo afora, de que alguma coisa aconteça no sentido de uma mudança de rumos na linha de sua atuação. Não pairam dúvidas quanto ao fato de que a contenção das extravagâncias executivas e legiferantes do ocupante da Casa Branca só possam se cristalizar através de medidas institucionais adotadas nas áreas jurídicas e políticas de seu próprio país. Analistas qualificados da conjuntura estadunidense são de parecer que, mais cedo ou mais tarde, eclodirá reação capaz de deter seus impulsos nada diplomáticos. Raciocinam assim, olhar focado nas encrencas compradas por Trump em seu país, envolvendo universidades, imigrantes, Banco Central, organizações científicas e por aí vai…

Os sinais de fadiga dos norte-americanos em razão do que anda rolando no pedaço, com reflexos perturbadores em toda nossa aldeia global, vêm se avolumando dia após dia. Governadores de estados que não rezam pela cartilha absolutista do histriônico chefe de Governo, têm trazido, a público, de forma veemente, seu inconformismo e descontentamento com um sem número de abusos executivos perpetrados contra a Constituição do país e as leis internacionais. Muitas dessas discordâncias já foram parar nos tribunais. O mesmo caminho foi também percorrido por importantes instituições acadêmicas e organizações jornalísticas atingidas por decisões atrabiliárias do dirigente que se enxerga imperador. A fileira dos atos extravagantes praticados por Donald Trump é tão extensa que torna difícil elencá-las ou mesmo selecioná-las para fins de divulgação. Todas produzem espanto instantâneo. Como, por exemplo, o inverossímil episódio da deportação, sustada pela justiça, de 2 mil crianças guatemaltecas, apartadas dos pais, recolhidas em abrigos espalhados pelo país. A inédita intervenção no Banco Central, com a destituição, considerada inconstitucional de altos dirigentes, é outra aberração jurídica que criou alarme junto à opinião pública e lideranças políticas estadunidenses.

A almejada alteração de rumos nessa história de desagregação persistente que Trump faz de valores caros à convivência social e ao processo de evolução civilizatória pode, afortunadamente, estar ganhando contorno, neste momento. Acontece que o tribunal de apelação dos EUA, instância judicial abaixo apenas da Suprema Corte, acaba de reconhecer sob irados protestos de Trump, a ilegalidade das decisões relativas ao tarifaço, fixando prazo para que sejam revogadas. O STF de lá, em função de recurso, dará a palavra final sobre o tema. Que Deus ilumine os doutos Ministros.

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