Artigo

A máquina de ver o passado

Conheça a lenda do Cronovisor, aparelho que seria capaz de sintonizar imagens e sons do passado
A máquina de ver o passado
crédito: Adobe Stock

“No universo, nada se perde” (Pe Pellegrino Maria Ernetti)

​Pertencemos a uma geração que presenciou o salto tecnológico extraordinário entre a ligação telefônica, com intermediação de telefonista, e o celular utilizado como ferramenta indispensável no trepidante cotidiano. Dando asas à imaginação, qualquer um de nós, neste instante preciso da evolução civilizatória, está apto a conceber as conquistas estupendas que o futuro certeiramente nos reserva. Com certa insistência deparamo-nos em leituras futuristas com a possibilidade de vir a ser criada, algum dia, a “máquina do tempo”, com propriedades que vão muito além de tudo aquilo que a imaginação mais audaciosa é capaz de atingir.

O que nos dispomos a narrar numa sequência de três artigos é uma história muito instigante. Noutras palavras, uma lenda carregada de fascínio, alinhada com a aspiração humana de queimar etapas nas descobertas transformadoras. A lenda, entendemos assim, vincula-se de certo modo à “memória Akáshica”, assimilada em várias culturas religiosas.

Com a prestimosa ajuda da inteligência artificial, trazemos a intrigante história do Cronovisor. O interesse humano por revisitar os tempos que deixados para trás ganhou contornos épicos no século XX com a lenda do Cronovisor, aparelho que seria capaz de sintonizar imagens e sons do passado. Não se trata apenas de ficção científica, mas uma persistente teoria da conspiração. ​Tudo começa com o enigmático Padre Pellegrino Maria Ernetti (1925–1994), beneditino, musicólogo e, segundo ele próprio, um cientista de vanguarda.

Causou impacto nos anos 70 ao alegar ter participado da construção do Cronovisor nos anos 50. Sustentava que o dispositivo não era apenas uma máquina do tempo, mas uma espécie de “visor eletromagnético” que decodificava as “marcas” energéticas de eventos passados, permitindo observações em tempo real. Segundo ele, no universo, “nada se perde”, e o aparelho era a chave para recuperar informações. ​ 12 cientistas teriam trabalhado no projeto, incluindo o físico Enrico Fermi (Prêmio Nobel) e o engenheiro aeroespacial Wernher von Braun (energia nuclear).

Ernetti dizia ter captado com o Cronovisor à Crucificação de Cristo e uma peça do século II a.C., ​A publicação de suposta foto de Jesus na cruz pela revista italiana La Domenica del Corriere, em 1972, deu notoriedade à história. Posteriormente, revelou-se que a foto não passava de estampa devocional comum. A promessa de Ernetti era de validação histórica e religiosa, mas sua máquina nunca foi vista. Onde estaria então? A explicação dada foi de que o Vaticano confiscou o Cronovisor por ordem de Pio XII. O dispositivo seria “perigoso demais” para cair em mãos erradas. ​

No próximo artigo, mergulharemos nos detalhes técnicos do Cronovisor e analisaremos as provas que desconstroem esta lenda.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas