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O meio ambiente precisa ser visto como estratégia de negócios e desenvolvimento

É assustador ver que o setor público e privado não se atentam como deveriam para o ativo ambiental
O meio ambiente precisa ser visto como estratégia de negócios e desenvolvimento
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Foi uma reunião de líderes. Comandada por uma jovem e promissora liderança. Mulher, sensível, inteligente, com uma visão sistêmica impressionante e necessária para os acelerados e integrados dias de hoje, nos quais, tudo se conecta e, com rara responsabilidade pública. A pessoa certa, na função certa: liderar, com firmeza, inteligência, gentileza e beleza.

Três ícones no palco, com a função de compartilhar seus respectivos sucessos, suas conquistas. Atuar naquilo que fez a raça humana ser protagonista nesse planeta: dividir e compartilhar conhecimento, para assim perpetuar, inovar e avançar. Dois, como protagonistas empresariais, um deles com protagonismo exponencial, na velocidade imperativa desse Século XXI, outro do setor público, alto cargo executivo.

Fatos e dados postos em tela, indiscutíveis no fator sucesso. Muitas conquistas. Exposição de estratégias de marketing, de envolvimento, respeito a colaboradores, consumidores e cidadãos. Em síntese, o discurso dominante da inovação sistêmica, da visão coletiva, equipe respeitada, de união colaborativa, do sentido de pertencimento: faço parte, portanto, cuido e ajudo na governança.

O meu espanto: nenhuma palavra sobre meio ambiente. Nem os clichês. Usar o jargão da sustentabilidade, mesmo que fora do contexto, e quase nada significar, mas lembrada. Parafraseando o poeta: nem “para não dizer que não falei de flores”. Sequer uma fala apenas pelo politicamente correto.

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Meio Ambiente de fato, ainda, não é visto como estratégia de negócio e desenvolvimento, para a grande maioria das lideranças, sejam essas públicas ou privadas. É, quando muito, lembrado como um obstáculo a ser superado, uma barreira burocrática impeditiva do crescimento socioeconômico. Nessa medida, o poder público, ao apresentar resultados, o faz na forma de menos carimbos ou em processos mais ágeis. Já o privado, quase sempre apenas no campo da filantropia, ou seja, um gesto de generosidade ou, no máximo, de compensação.

Apesar de números e ideias positivas elogiáveis, não pude deixar de enxergar esse cenário sem ser com muita preocupação. Tendo-se a emergência climática como fato, não considerar a questão ambiental, especialmente no campo das políticas públicas, como estratégia, não só de competitividade, mas de sobrevivência, é assustador. E, para quem produz, um aviso: no cenário das emergências climáticas, vai faltar água para sua produção. E não me dirijo à produção no Nordeste, região de escassez hídrica típica, falo sim para a produção do Sudeste maravilha.  Apenas como sintoma, vejam o acontece com as duas regiões mais úmidas do País: Amazônica e Pantaneira.

De modo que os governantes que optam por não apresentarem, como destaque, políticas públicas bem estruturadas de adaptação e resiliência, em verdade estão optando por um insustentável modelo de desenvolvimento. Pois, terão suas opções, orgulhosamente postas como conquistas produtivas, incapacitadas, seja por água demais, ou por água de menos.  Da mesma forma, uma empresa que não pensa em estruturar um plano de segurança hídrica, namora com o perigo de ver suas atividades drasticamente paralisadas.

É de assustar também o fato de ambos, público e privado, não terem uma palavra, mesmo que de flerte, para o ativo ambiental. O negócio verde e seu crescente. Duas notícias recentes para ilustrar parte, somente parte, desse potencial desenvolvimentista, esquecido nesse dia: i) B3, Reservas Votorantim e CCR lançam plataforma de negociação de créditos de carbono, trata-se do registro do projeto PSA Carbonflor, desenvolvido pela consultoria ECCON e Reservas Votorantim na Mata Atlântica, e a CCR entrará como primeira compradora dos créditos; ii) em NY, Helder Barbalho anuncia venda bilionária de crédito de carbono no Pará, ao participar da Semana do Clima de NY para concretizar a venda de doze milhões de toneladas de crédito de carbono, a 15 dólares cada, equivalente a R$ 1 bilhão.

O que posso mais dizer? É o meio ambiente…

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