Mercado financeiro: mês de maio é marcado por recuperação de ativos internacionais

Após os impactos iniciais das tarifas comerciais implementadas pelo governo Trump, o mês de maio foi marcado por uma expressiva recuperação dos ativos internacionais. Com a redução dos receios de uma recessão os rendimentos dos títulos voltaram a subir. No cenário doméstico, o destaque foi o desempenho das NTN-Bs, um dos principais pilares das alocações em nossos portfólios. Nos cinco primeiros meses do ano, essa estratégia tem se mostrado particularmente eficiente, com desempenho consistente acima do CDI.
Apesar do atual nível elevado da taxa Selic, os dados de atividade econômica permanecem aquecidos. Indicadores como o PIB, os dados de emprego (Caged) e o mercado de crédito segue resiliente. A taxa de desemprego segue em mínimas históricas de 6,3%. Esses sinais reforçam a percepção de menor efetividade da política monetária e podem exigir a manutenção dos juros em patamar elevado por um período prolongado.
No último encontro do Copom, o comitê optou por não indicar qual será o próximo movimento da taxa de juros. O mercado, por sua vez, se divide entre a expectativa de uma nova elevação de 0,25 ou a manutenção dos níveis atuais. De toda forma, há uma leitura crescente de que o ciclo de alta de juros pode estar próximo do fim, o que tem sustentado o apetite por ativos de risco domésticos.
Por fim, o Ibovespa ultrapassou em maio sua máxima nominal histórica, atingindo os 140 mil pontos. No entanto, temos reforçado junto aos nossos investidores que esse marco possui relevância limitada. Quando ajustado pelo câmbio, o índice segue aproximadamente 2,5 vezes abaixo do pico alcançado em 20 de maio de 2008. Já em termos reais, descontando a inflação, o Ibovespa precisaria atingir cerca de 190 mil pontos para igualar seu recorde histórico.
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E o IOF? No dia 22 de maio, o governo anunciou mudanças significativas nas regras de incidência do IOF, gerando incertezas e desconforto no mercado. Apesar do impacto inicial da medida, a taxa de câmbio não apresentou variações relevantes nas semanas seguintes. O real manteve-se relativamente estável frente ao dólar, com leve apreciação ao longo do restante do mês de maio.
As alterações atingiram diversas operações financeiras, como crédito, câmbio e seguros. Um dos pontos centrais foi a unificação da alíquota do IOF cambial em 3,5% para uma série de transações, incluindo compras internacionais com cartão de crédito ou pré-pago, aquisição de moeda estrangeira em espécie e remessas ao exterior para finalidades não relacionadas a investimento. Essa mudança eleva o custo dessas operações para pessoas físicas e jurídicas. No entanto, foram mantidas condições mais favoráveis para operações com finalidade de investimento. Transações como aportes em fundos offshore ou remessas para o exterior via contas de investimento (via PIC) seguem sujeitas à alíquota reduzida de 1,10%.
Outro ponto relevante foi a nova tributação sobre aportes mensais superiores a R$ 50 mil em planos de previdência privada do tipo VGBL, que passaram a ser onerados com IOF de 5%. Essa mudança desincentiva aportes acima do limite anual de R$ 600 mil, impactando diretamente o apetite de investidores por esse tipo de produto.
Vale destacar que o novo decreto ainda está sob análise do Congresso Nacional, e há a possibilidade de alterações ou até mesmo a revogação parcial ou total das medidas, o que mantém o tema sob acompanhamento atento por parte do mercado.
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