O método de Trump não é unanimidade

“É loucura, mas há um método.” (Shakespeare).
Anos atrás, ainda no primeiro mandato, o órgão de classe dos psiquiatras, nos EUA, emitiu parecer questionando a condição mental do presidente. Seus ditos e feitos, monopolizando manchetes e produzindo tensões, contribuem em muito para que a opinião pública aceite como veraz o diagnóstico.
Atropelando leis, rasgando tratados, desfazendo regras instituídas ou estimuladas pelos próprios EUA, nas relações multilaterais Trump apresenta-se ao olhar mundial, de repente, como “providencialarauto” de “ideias novas”, todas resvalando o absurdo. Manifesta interesse em comprar a Groenlândia, anexar o Canadá, tomar o Canal do Pananá, deportar 10 milhões de imigrantes, encarcerando parte deles em Guantanamo e em presídio de El Salvador. Não se dando por satisfeito, anuncia a retirada, na força bruta, se não puder ser “espontânea”, de 2 milhões de palestinos radicados nos escombros de Gaza, alojando-os na Jordânia e Egito, apesar de os dois países se recusarem peremptoriamente, mesmo sob ameaças de represálias, a participar do medonho êxodo. Aponta duas alternativas como “solução” da questão do território palestino: a) transformar-se em Riviera do Oriente Médio; b) tornar-se uma sucursal do inferno. Diz isso sem atentar para as circunstâncias de que os palestinos já conhecem de sobra o que seja viver uma experiência infernal. Deixa expresso que o território pertencente aos palestinos não será comprado, mas sim tomado na marra.
As manifestações de desagrado pelo que está rolando avolumam-se. Além obviamente dos ruídos produzidos nos circuitos diplomáticos, vêm ocorrendo outras reações, até outro dia impensáveis, em ambientes que sempre mostraram receptividade simpática ao povo, cultura e costumes estadunidenses. Caso, por exemplo, dos canadenses, que pregam boicote aos produtos do vizinho país e substituem aplausos por vaias, em competições esportivas quando o hino dos Estados Unidos é executado.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
E o que não dizer da onda de questionamentos levados à apreciação da justiça por cidadãos e organizações de seu próprio país?
Desrespeitando acordos comerciais de longa data consolidados, desestabilizando a Organização Mundial do Comércio (OMC), os gravames fiscais impostos a fornecedores de produtos carreados ao mercado de consumo de seu país, as políticas de comércio exterior colocadas em prática pelo ocupante da Casa Branca afetam o Brasil, como de resto, praticamente todos os países que fazem parte do sistema de intercâmbio negocial.
Analistas da conjuntura mundial apontam como fatores influenciáveis das decisões criticadas, o chauvinismo medular presente na orientação política do presidente e as circunstâncias de a China haver atingido superávit recorde de quase 1 trilhão de dólares na balança comercial, enquanto os Estados Unidos amargaram déficit quase equivalente em suas transações comerciais.
Ouça a rádio de Minas