Mudanças climáticas: é preciso falar muito e fazer mais
“Estamos na direção certa, mas na velocidade errada” (Presidente Lula)
A ideia criativa e bem intencionada antecede a palavra firme, vigorosa e persuasiva; esta, por sua vez, antecede a ação fecunda de construção humana que conduz ao progresso.
A crucial questão das mudanças climáticas está, realmente, assimilada na consciência de parcelas ponderáveis da coletividade. Nada obstante, vários setores representativos de diferentes correntes de opinião se revelam, ainda bastante refratários a aceitar suas prescrições no sentido da proteção da vida. As palavras de conclamação a que todos se apercebam da suprema gravidade que o assunto carrega em seu bojo, conjugando esforços e vontades para enfrentar as ameaças ambientais que nos espreitam, as palavras – repita-se – são intensas e convincentes. Já as ações… bem, as ações, deixam um bocado a desejar. Lula sintetiza razoavelmente o que vem rolando no pedaço: “Estamos na direção certa, mas na velocidade errada”. A fala de António Guterrez, Secretário-Geral da ONU, vai na mesma toada: “É preciso sair da retórica para a ação”.
A COP30, de Belém, no coração da maior floresta tropical do mundo, de elogiável feitura, exalta o protagonismo brasileiro em escala global com relação ao candente tema da ampla, necessária e urgente transição energética. Deixa evidenciado, novamente, o tradicional descompasso entre o que se almeja ardentemente realizar e o que por circunstâncias as mais complexas, pode-se, na verdade fazer. O balanço dos resultados colhidos ao longo do itinerário percorrido na conquista das metas consensualmente instituídas em COPs anteriores chega a ser frustrante sob vários aspectos. Os países mais desenvolvidos, principais responsáveis pela emissão de gases poluentes na atmosfera, parecem não se ter dado conta, até agora, da obrigação que se lhes é imposta de contribuírem com maior volume de recursos que os demais, no enfrentamento adequado do tormentoso problema das bruscas elevações da temperatura.
O fato da retórica a respeito mostrar-se abundante e das ações não serem incrementadas em ritmo compatível não quer dizer que se “deva falar menos e fazer mais”. O certo mesmo é “falar muito e fazer muito mais”. Acontece deploravelmente que a pregação negacionista é manipulada de forma intensa por forças poderosas de obtusa compreensão da vida real. Em sua vociferante “teoria conspiratória” ousam dizer e que a ameaça climática é uma farsa montada por cientistas aloprados com “conluio malévolo” de bilionários desejosos de inverter a ordem mundial, com o apoio do Vaticano e do comunismo chinês, ora, veja, pois! Nada a espantar, pois, quanto ao dado de que os investimentos anuais em armas para guerras que não acabam, sejam superiores ao PIB do Brasil, enquanto se estima possível com 1/3 dessa soma conter-se o desastre ecológico que se abeira.
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