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Muito além da automação

Hoje em dia, a tecnologia já ganhou espaço suficiente para ser reconhecida como uma ferramenta indispensável
Muito além da automação
IoT é a sigla para Internet das Coisas | Crédito: Adobe Stock

No mundo corporativo moderno, é difícil encontrar qualquer tema que tenha gerado mais interesse do que a Inteligência Artificial (IA). Tendo como característica principal a possibilidade de automação de tarefas repetitivas, redução de custos e o aumento da produtividade, a tecnologia já ganhou espaço suficiente para ser reconhecida como uma ferramenta indispensável. E os números comprovam: em 2024, 72% das empresas globais já a adotaram, contra 55% no ano anterior, segundo estudo da Randstad.

Embora tais objetivos sejam legítimos, essa abordagem meramente técnica e restrita à área de TI ignora o que é, de fato, o potencial mais transformador da IA: ser uma plataforma de reinvenção. A capacidade desse recurso é tamanha que a discussão sobre seu entorno parece longe de encarar todas as suas potencialidades, como a de reconfigurar indústrias inteiras, reinventar modelos de negócio e inaugurar uma nova lógica de valor.

Hoje, ainda é comum ver empresas tratando a IA como mais um projeto dentro do portfólio de tecnologia. Essa postura se dá por conta de duas possibilidades: a falta de conhecimento e, a mais provável, uma resistência estrutural, em que é mais fácil aplicar a ferramenta para acelerar processos já existentes do que questionar se eles ainda fazem sentido. Neste segundo caso, já está bem evidente que o verdadeiro salto competitivo exige, na verdade, desaprender práticas enraizadas.

Três ondas demonstram esse potencial de transformação. A primeira delas está na hiperpersonalização dos produtos e serviços. Com base em dados comportamentais e contextuais, a IA permite experiências moldadas individualmente, como já ocorre na medicina de precisão, por meio de tratamentos moldados por informações genômicas individuais, e nos novos automotivos com foco em “mobilidade como serviço”, que são sustentados por algoritmos que aprendem com o comportamento dos motoristas. A solução deixa de ser uma entrega pontual e passa a ser uma experiência, responsiva e adaptativa, tendo a inteligência artificial como a grande responsável pela oportunidade.

Sendo assim, em vez de se questionar “onde aplicar a inteligência artificial?”, as lideranças deveriam avaliar: “Se minha empresa fosse fundada hoje, com IA no centro, como ela seria?” Essa reflexão expõe o abismo entre o modelo atual e o que será necessário para competir em um cenário breve moldado por tecnologia de ponta, inteligência artificial, blockchain, IoT e biotecnologia. Nesse novo contexto, o papel do CEO não passa por saber programar, mas posicionar sua marca com a IA já estrategicamente programada.

A inteligência artificial é, em última instância, uma nova linguagem. E como toda linguagem, ela redefine não somente o que é possível dizer, mas o que é possível imaginar. Usá-la apenas para revisar o passado é desperdiçar sua potência para o futuro. Os líderes que entenderem isso primeiro e agirem com coragem e discernimento serão os primeiros a provar dessa capacidade.

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