A nova geração das telecomunicações: a revolução silenciosa

Nos últimos anos, uma revolução silenciosa começou a ocorrer nas telecomunicações. A empresa Starlink começou a lançar diversos satélites para operar na Órbita Baixa da Terra (LEO- Low Earth Orbit). A inovação levou outras empresas a seguirem na mesma direção.
Em dezembro de 2024, estimava-se que a Starlink operasse mais de 6.000 satélites e continuasse a expandir sua rede. Seu maior competidor atualmente é a Telesat com o sistema Lightspeed, que tem cerca de 1.600 satélites em LEO. Depois dela vem a OneWeb com cerca de 600 satélites.
O potencial de mercado atraiu novos projetos de constelações de satélites. A Kuiper Systems (bancada pela Amazon) projeta lançar mais de 3.000 satélites. A Thousand sails planeja atingir uma megaconstelação de 14 mil satélites. A Globalstar pretende ter uma constelação em parceria com a Apple.
A ideia de ter uma rede de satélites operando em baixa órbita para prover um sistema de telefonia celular não é nova. O primeiro sistema a ser lançado foi o Iriduim da Motorola, em 1998. Entretanto, a tecnologia da época não era boa o suficiente e o sistema era caro demais para ser economicamente viável. O fracasso do sistema levou a uma perda de US$ 5 bilhões, e fez as ações da Motorola despencarem.
Mas a tecnologia de lançamento de satélites avançou muito com os foguetes reutilizáveis, baixando o preço para colocar um satélite em baixa órbita (LEO) de uma faixa entre US$ 10 e 30 mil por quilograma no final dos anos 90, para algo por volta de US$ 2 mil atualmente.
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Além disso, a eletrônica e a computação também avançaram, permitindo satélites e estações de terra mais eficientes. Desta forma, ao invés de um celular de grande volume e peso, como era o do sistema Iridium, hoje os smartphones conseguem captar o sinal dos sistemas de telefonia satelital, não requerendo um sistema específico.
O resultado é um sistema que é muito mais simples e barato de usar para o cliente médio, e deve ficar cada vez mais barato. É provável que na medida em que novas concorrentes entrem nesse mercado, ocorra uma mudança significativa.
Dentro de dez a quinze anos, a vantagem competitiva no mercado de telecomunicações não será mais uma boa rede de torres e antenas, mas sim uma boa rede de satélites. Assim iremos ver uma mudança similar ao que ocorreu na transição da telefonia fixa (via fio) para a móvel (celulares). Várias empresas estabelecidas simplesmente morreram ou tiveram de se adaptar rapidamente.
As empresas hoje estabelecidas podem simplesmente entrar em colapso. Até mesmo os sistemas de cabo de fibra ótica podem vir a ser ameaçados dependendo de como a tecnologia satelital avançar.
O fenômeno não é incomum em termos de estratégia. Uma nova tecnologia baixa a barreira de entrada permitindo novos concorrentes entrarem e, em geral, empresa que nem eram do setor e que não tem sistemas legados para amortizar o investimento.
Isso será benéfico para os clientes que poderão ter acesso a serviços melhores e mais baratos, e isso ajudará a indústria espacial a avançar. Uma revolução via satélite se avizinha.
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