As nuances do sentir: é possível explicar os sentimentos?

Há uma misteriosa tradução das emoções e sentimentos em substâncias químicas presentes em nosso corpo. A Ciência busca compreender e explicar como funcionamos. Isto traz para nós informações relevantes sobre onde devemos atuar se há algum problema em curso. Ou criar estratégias capazes de alterar a trajetória dos eventos que conseguem chamar nossa atenção ou nos tornarem enfermos.
Mas explicar por que nos sentimos mais ou menos plenos nas diversas circunstâncias pertence apenas ao nosso coração e às nossas expectativas. Para cada emoção ocorre um efeito reflexo correspondente. A partir daquele instante o que acontecerá será guiado pela nossa maturidade. Ela é o conjunto de experiências prévias, treinamento e necessidades momentâneas que modulam as atuações nas mais diversas direções.
Mas que substâncias correspondem a cada emoção? Será possível nos cuidarmos para controlarmos nossas reações e vivermos em maior harmonia conosco mesmo e com os demais? São perguntas que estão no cerne da boa convivência pessoal e social. É necessário que se entenda que as diferenças comportamentais podem estar alicerçadas em defeitos bioquímicos. Saber que não se tem domínio sobre tais alterações é um alento. É a chave para a busca de soluções individualizadas. Também, nos concede a bondade de dar a chance ao outro de se expressar à sua maneira. É aceitar primeiro a si mesmo e as diferenças. Quando não estamos dando conta é porque precisamos de ajuda. Há um porque uma crise é deflagrada.
No primeiro meio segundo de qualquer acontecimento o nosso corpo sente literalmente o que está a ocorrer. Se é uma ameaça ou não. Se devemos bater em retirada ou ficar para o enfrentamento. O hormônio que age neste instante se chama adrenalina. A consciência começa a se manifestar para temperar a compreensão a partir da segunda metade do primeiro segundo. Ainda na primeira metade do primeiro segundo podemos sentir uma intuição. Ela está intimamente ligada a um sentimento interior que influencia sobremaneira a tomada de direcionamento. Este sentimento visceral nos guia nas decisões rápidas e automáticas. Nosso sistema nervoso ativa processos inconscientes onde informações emocionais e corporais se fundem baseadas em emoções, memórias e experiências anteriores. Daí, tomamos uma decisão que vem de nossas entranhas.
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Estas pistas emocionais sutis escapam à nossa consciência racional. O que se mensura no corpo são as manifestações da frequência cardíaca e respiratória, a tensão muscular, a sudorese, a vontade de urinar ou defecar, a palidez cutânea, a alteração do timbre e ritmo da fala e tantas outras manifestações fisiológicas.
No segundo instante o corpo se compensa com outro hormônio: a acetilcolina. Ela permite a calma, a concentração e a tranquilidade. Se somos bem-sucedidos saboreamos a sensação de vitória pela dopamina. Já a sensação do colo e proteção são mediadas pelos hormônios ocitocina e prolactina. A sensação de pertencimento, laços familiares e amorosos são sinalizadas por sua vez por certas substâncias chamadas opioides. Daí a explicação porque ocorre adição inconsciente a certas substâncias usadas com a intenção de manipular as percepções.
A paz, cura e escolhas podem ser influenciadas dessa forma pelas predisposições genéticas herdadas. Leva-se uma vida para conhecê-las e experimentá-las em todos os seus matizes. Como canta Chico Buarque em “Cio da Terra”: “Conhecer os desejos da terra/Cio da terra, a propícia estação”. Que aprendamos a temperança.
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